sexta-feira, 8 de março de 2013

DIA INTERNACIONAL DA MULHER: UMA MENTIRA BEM CONTADA DESDE 1977

 
(Lisa Simpson, uma das mais famosas feministas de todos os tempos)
 
 
E é o Dia Internacional da Mulher, onde a luta das russas de 1917 e das americanas e europeias para reivindicar melhores condições de trabalho e direito ao voto é lembrada.
Se não estou enganado, o Dia Internacional da Mulher surgiu após varias manifestações do que posteriormente seria chamado de “Movimento Feminista”. Essas manifestações se iniciaram nos primeiros anos do século XX logo após a Revolução Industrial – onde um número considerável de mulheres foi incorporado às fábricas, que não davam a devida segurança a seus trabalhadores (homens e mulheres). Muitas manifestações foram feitas, tanto por homens quanto por mulheres, durante este período posterior ao “bang” de industrialização. Viena, Berlim, São Petersburgo e Nova Iorque foram alguns dos locais onde tais manifestações ocorreram em primeiro lugar – isso no clima do pré-guerra (1ª Guerra Mundial).  Em 1909 ocorreu o que se chama de primeiro Dia Internacional da Mulher em Nova Iorque; foi o abrir de portas para uma série de outras ações que aconteceriam a partir do ano seguinte, com a Conferência Internacional de Mulheres em Copenhagen. O ano de 1911 foi marcado por várias manifestações deste “movimento” em vários países da Europa. Porém, o evento que mais deu força às celebrações e às manifestações para obter os direitos das mulheres, foi o incêndio que aconteceu em uma fábrica de Nova Iorque e matou cerca de 150 pessoas sendo, em sua maioria, costureiras. A partir disso, o Dia Internacional da Mulher passou a ser celebrado com mais afinco em vários lugares; isto não quer dizer que foi por isso que se iniciaram as celebrações, estas apenas ganharam uma força maior para acontecerem.
Seis anos depois, em 1917, na Rússia, ocorreu uma greve das trabalhadoras da indústria têxtil contra o czar Nicolau II que reivindicava, além de melhores condições de trabalho, a saída – ou a não participação – da Rússia na Primeira Guerra Mundial. Este foi, sem dúvida, o estopim da Revolução Russa. Anos depois, o Dia da Mulher foi incorporado ao calendário russo, perdendo, com o passar do tempo, seu viés político; logo alguns países, como a Ucrânia, a Bielorrússia e a Moldávia também incorporariam o dia em seus calendários.
Em seus primórdios, o Dia Internacional da Mulher foi muito usado por partidos Comunistas/Soviéticos como forma de propaganda política. Desde o primeiro evento (em 1909) o Partido Socialista da América estava por trás da organização das celebrações.  Outro exemplo é o Mezinárodní den žen da Tchecoslováquia, fortemente apoiado pelo Partido Comunista, que usava-o como instrumento de propaganda partidária.
Houve então a estereotipação da data que dura até os dias de hoje: era, e ainda é, praticamente obrigatório que as mulheres ganhem presentes baratos no serviço, na igreja, no mercado, na quitanda, em casa ou em qualquer outro lugar. Portanto, a proposta inicial da celebração do Dia Internacional da Mulher perdeu-se totalmente.
Durante as décadas de 1910 e 1920 a data foi celebrada com afinco em vários países ocidentais, caindo, com o passar dos anos, no esquecimento. Graças ao Movimento Feminista de 1960 o mundo relembrou-se destas datas e tornou a comemorá-las, e em 1977 a ONU instituiu em caráter oficial a data de 8 de março como sendo o Dia Internacional da Mulher.
Passando por uma imagem das manifestações por melhores condições de trabalho e direito ao voto, depois de tornar-se instrumento de propaganda partidária na União Soviética, hoje o Dia Internacional da Mulher tem caráter simplesmente comercial – sendo muito usado para venda dos mais variados produtos em vários países.
 
Depois deste parâmetro histórico, vem a minha opinião sobre o assunto. Desde 1977 é oficial a celebração do tal Dia Internacional da Mulher, mas, se observarmos bem, quem de nós se lembra do verdadeiro propósito desta data? NINGUÉM. As mulheres muito menos, ocupadas que estão em ganhar mimos de todo mundo. Cadê as feministas de 1960? Voltem, pelo amor de Darwin! Antes as mulheres brigavam por igualdade de direitos, por direito ao trabalho, ao salário igualitário, pelo direito ao voto. E hoje? Estão mais preocupadas em saber se o marido ou namorado vai dar um presente melhor do que o marido/namorado da amiga. ALGO FEDE NO REINO DA DINAMARCA! Para tudo, é isso mesmo produção? Eu tenho certeza que se as Mulheres – que merecem M maiúsculo – que criaram este dia e tanto lutaram para vê-lo, sentir-se-iam ofendidas com o rumo que a coisa está tomando. Arrisco dizer que, se pudessem prever esta coisa ridícula que virou o seu Dia, não teriam movido uma palha por ele. Sinceramente mulheres, acordem! Não se façam lembrar em apenas um dia do ano, lutem por aquilo que vocês merecem todos os dias de suas vidas. Não se contentem com flores e pelúcias, chocolates e coisas frívolas: façam valer a luta de suas antepassadas! Queimem calcinhas, rasguem sutiãs, façam greve de sexo, caramba! Não se deixem enganar: exijam um agrado durante o ano todo, vocês merecem isso – são um dos pilares da nossa sociedade, são maioria!
Não se deixem enganar por um homem que chega todos os dias tarde, muitas vezes sem dar maiores explicações, e se lembrar da sua feminilidade em apenas um dia do ano. Queiram presentes constantes, e eu não estou falando de flores e bichinhos: estou falando de carinho, de companheirismo, de conversa antes (e depois) do sexo, estou falando de amizade, de dividir os sorrisos e as lágrimas, de respeito.
A meu ver, o Dia Internacional da Mulher é mais uma forma de ludibriar as mulheres neste dia em que elas deveriam ser lembradas como guerreiras que são. Eu vejo as coisas mais ou menos assim: a mulher é vista como inferior socialmente durante o ano inteiro – e não, não estou sendo machista: uma das coias que me incomoda muito, por exemplo, é a desigualdade salarial que acontece entre homens e mulheres –, são vistas como seres fúteis, materialistas, de parcos interesses, como pedaços de carne (lembremos da quantidade de músicas que denigrem a imagem da mulher, exautando apenas as "qualidades" sexuais da mulher; ou então destes livros que pregam a submissão do sexo feminino). E como elas rebatem isso? Agradecendo por terem ganhado florzinhas no dia x ou na data y. Ah, me poupem vai – ou melhor, se poupem mulheres!  Se eu fosse mulher e o cara me viesse com flores em um dia do ano, e no resto dos dias não me ajudasse com a casa, só quisesse transar, saísse com os amigos sem nem me dizer nada, eu jogaria as flores na cara do sujeito, com muito orgulho, e sem descer do salto.
 
(O Maldito Sistema Está Errado! Simpson, Lisa)
 
 
O mesmo acontece com o Dia da Consciência Negra: o ano todo o negro é menosprezado, chamado de ladrão, de traste, é rebaixado socialmente (isso não é racismo, estou dizendo a verdade, desculpa) e humilhado constantemente; e o que acontece? – dão-no um dia especial, em que todo mundo deixa de fazer tudo, e fica tudo ok! Ambas as datas, tanto o Dia Internacional da Mulher quanto o Dia da Consciência Negra, são mais como prêmios de consolação do que como um símbolo da luta dessas duas classes da nossa sociedade! É como se dissessem: “então negros, então mulheres, como vocês são vistos como inferiores em nossa sociedade, vamos dá-los esses dias aqui do ano, onde vocês ganham um presentinho e uma programação especial na televisão”. Você pode estar pensando que eu sou machista e racista neste ponto, mas, eu te peço que simplesmente pare para pensar sobre o que eu estou te escrevendo agora: pense em tudo isso que estou comentando agora, em como as mulheres e negros são tratados por todos, e você vai ver como eu não estou tão errado assim.
Agora, quanto aos homens, eu tenho uma dica: não compre flores, faça uma massagem, agradeça por ela ser tão companheira quanto é, por te aguentar nos seus piores dias, por fazer suas vontades, mesmo que ela não queira. Faça as vontades dela também – se ela for mãe, irmã, filha, namorada, esposa, avó, faça com que ela saiba o valor que ela tem para você. Mas faça isso todos os dias do ano, porque ela é sua companheira (seja mãe, filha, etc) todos os dias do ano e não em um só.
Mulheres: parem de achar que vocês são o sexo frágil, porque vocês, definitivamente, não são: vocês cuidam da casa, do marido, do filho e do serviço, tudo isso sempre bem maquiada e de salto alto. Se valorizem no seu dia, que não é somente no 08 de março, mas cotidianamente. Presenteie-se também: relaxe, leia, cante, dance, sorria, vá ao cinema – mostre ao mundo quem são vocês.
Tenham um bom dia das mulheres em todos os dias do ano.
 


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