sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Prece de Ano-Novo




De repente o fim: cinco, quatro, três, dois, um. Recomeço. A fila branca se estende – sai por todos os quartos de todas as casas, de todas as ruas, de todos os bairros, de todas as cidades, de todos os estados, de todos os países. De longe, muito longe, com os olhos encobertos pelo véu de um céu escuro, o deus de todos observa em silêncio o mundo: tudo branco e límpido. Fiat lux: no meio da noite, os corpos, meras almas arrastadas pelo turbilhão da sequencia dos minutos que insistem em nunca cessar, os corpos todos são puros e brancos: cegos da Verdade.

Ansiosos, os sete bilhões de fantasmas contam os segundos para que tudo termine e torne a começar: por apenas alguns segundos todos somos verdadeiramente irmãos – o deus desce à terra e junta-se a todos os homens.  E neste mesmo momento, longe dali, alguém morre de fome ou de sede, alguém morre de frio ou de peste. Naquela mesma hora, o fim: o mundo todo branco manchado, maculado pela morte negra e vermelha.

Pois oxalá não venha deus voltar sua cabeça para estes outros cantos: os cantos escuros onde homens e mulheres não são diferentes dos primeiros animais. Os pais de todos rejubilam-se diante da brancura do mundo. Um anjo caído balança sua cabeleira numa gargalhada infernal; há uma semana o Cristo renasceu, e agora, neste mesmo instante, o que está por renascer é muito maior que qualquer outro cristo – nestes cinco, quatro, três, dois, um, estamos todos nós a renascer.

À beira d’água as filas espalham-se para pular as sete ondas que a mãe d’água gentilmente nos envia. E naquele mesmo momento, mil e quatrocentas bocas racham-se de sede. Mil e quatrocentos olhos fecham-se, secos e suaves.

E somos todos cegos – incuravelmente cegos diante da misericórdia do Alto. O maná cai do céu em forma de alegria e votos de sorte e amor e todo o resto de falsidades. Por um triz, nós, os homens, os macacos de calças brancas, por um triz nós não somos um orgasmo da natureza: por um triz não somos fruto do prazer de deus. Por um triz, o mundo não acaba realmente.

Estamos à beira. Estamos na iminência de um despertar, mas nossa cegueira branca, como as roupas que em breve usaremos, nossa cegueira não nos permite ver que: por trás de toda luz há uma ausência de formas. Por isso, meu voto a todos neste ano próximo, é o despertar: que no momento em que as taças vibrarem no ar, possamos ouvir os gritos silenciosos que vêm de todos os cantos do mundo; ouçamos, irmãos, eu vos suplico: se somos cegos, não sejamos surdos para não ouvir, e, se acaso viermos um dia a ouvir, que não sejamos hipócritas para calar. Mas, se ousarmos calar, que sejamos homens para morrer: pois tudo, até o ano que passou, tudo tem o seu fim, inclusive nós – meros encaixes neste mundo.

Que no próximo ano nós nos tornemos mais questionadores, que deixemos de ser marionetes de um idealismo sem fundamentos racionais. Eu desejo a todos que a vossa cegueira, e a minha também, se cure, e que possamos enxergar a nós mesmos e ao outro como verdadeiramente somos: pessoas, homens e mulheres sedentos de esperança – pois a esperança é a maior das alegrias que podemos ter. E que à meia-noite do próximo ano nós possamos nos vestir de todas as cores, pois o mundo não necessita apenas de paz, necessita de pessoas que façam valer a paz que pretendem alcançar. Eu rezo por um ano novo em que as pessoas sejam exatamente isso: pessoas, e que o deus nos valha e nos proteja de nós mesmos e de sua ira: que nos perdoe, pois também é preciso perdoar para ser perdoado.
 
Um feliz ano-novo que possamos ser mais do que somos hoje, e mais do que fomos ontem. Um feliz ano-novo cheio de normalidades e de altos e baixos – e, para isso, um ano-novo cheio de sabedoria para administrar tanto um lado quanto o outro. Um feliz ano-novo, que nós possamos crescer e florescer como pessoas, unirmo-nos como uma família, alegrarmo-nos como irmãos.

XXX
 
Feliz ano novo, cheio de realizações e mudanças, até 2013!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

La Princesse Bleu

 
 
 
 
Faz de conta que ela era uma princesa azul pelo crepúsculo que viria, faz de conta que a infância era hoje e prateada de brinquedos, faz de conta que uma veia não se abrira e faz de conta que sangue escarlate não estava em silêncio branco escorrendo e que ela não estivesse pálida de morte, estava pálida de morte mas isso fazia de conta que estava mesmo de verdade, precisava no meio do faz-de-conta falar a verdade de pedra opaca para que contrastasse com o faz-de-conta verde cintilante de olhos que vêem, faz de conta que ela amava e era amada, faz de conta que não precisava morrer de saudade, faz de conta que estava deitada na palma transparente da mão de Deus, faz de conta que vivia e que não estivesse morrendo pois viver afinal não passava de se aproximar cada vez mais da morte, faz de conta que ela não ficava de braços caídos quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio, faz de conta que era sábia bastante para desfazer os nós de marinheiros que lhe atavam os pulsos, faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua, faz de conta que ela fechasse os olhos e os seres amados surgissem quando abrisse os olhos úmidos da gratidão mais límpida, faz de conta que tudo o que tinha não era de faz-de-conta, faz de conta que se descontraíra o peito e a luz dourada a guiava pela floresta de açudes e tranqüilidade, faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

24 de Dezembro - Hoje Nasce Um Menino



Na manjedoura estava calmo e bom.Era de tardinha e ainda não se via a estrela-guia. Por enquanto a alegria serena de um nascimento — que sempre renova o mundo e fá-lo começar pela primeira vez — por enquanto a alegria suave pertencia apenas a uma pequena família judia. Alguns outros sentiam que algo acontecia na terra mas ver ninguém via ou ao certo sabia.Na tarde já escurecida, na palha cor de ouro, tenro como um cordeiro, refulgia o menino, tenro como o nosso filho.Bem de perto a cara de um boi e outra de jumento olhavam. E esquentavam o ar com o hálito do corpo.Era depois do parto, e tudo úmido repousava, tudo úmido e morno respirava.
Maria descansava o corpo cansado — sua tarefa no mundo e diante dos povos e de Deus seria a de cumprir o seu destino, e ela agora repousava e olhava a criança doce.
José, de longas barbas ali sentado, meditava, apoiado no seu cajado: seu destino, que era o entender, se realizara.O destino da criança era o de nascer.
Ouvia-se, como se fosse no meio da noite calada, aquela música de ar que cada um de nós já ouviu e de que é feito o silêncio. Era extremamente doce e sem melodia, mas feita de sons que poderiam se organizar em melodia. Flutuante, ininterrupta. A pequena família captava a mais primária vibração do ar — como se o silêncio falasse.
O silêncio do Deus grande falava. Era de um agudo suave, constante, sem arestas, todo atravessado por sons horizontais e oblíquos. Milhares de ressonâncias tinham a mesma altura e a mesma intensidade, a mesma ausência de pressa, noite feliz, noite sagrada.
E o destino dos bichos ali se fazia e refazia: o de amar sem saber que amavam. A doçura dos brutos compreendia a inocência dos meninos. E antes dos reis, presenteavam o nascido com o que possuíam: o olhar grande que eles têm e a tepidez do ventre que eles são.
Este menino, que renasce em cada criança nascida, iria querer que fôssemos fraternos diante da nossa condição e diante do Deus. O menino iria se tornar homem e falaria.Hoje em muitas casas do mundo nasce um menino.
 
XXX
 
Desejo a todos um feliz e próspero Natal. Que o Menino Jesus nasça na casa de cada um de vocês trazendo paz e harmonia.
 
 
N.N.
 

sábado, 22 de dezembro de 2012

Receita



LOMBO AO MOLHO ROUX:

Hoje tem mais uma receita deliciosa, lombo ao molho roux – ou “molho Glauco”, como é chamado pelos criadores dele, os donos do canal do youtube Role Gourmet. Pegue papel e caneta e anote mais essa receita especial de natal, ainda dá tempo de fazer para a ceia este prato divino; então, mãos à obra!

Ingredientes:

- Lombo Suíno;

- Caldo de Carne;

- Bacon;

 - Farofa Temperada;

- Farinha de Trigo;

- Vinho Tinto (opcional);

- Manteiga;

- Cebola Picada;

- Cebolinha Picada.

Modo de Preparo:

·         Carne:

- Tempere e sele bem a sua carne por todos os lados em uma panela bem quente;

- Depois de selar, leve ao forno pré-aquecido em forno médio por 40 minutos (ou até a carne ficar bem clara. Para saber se a carne vai estar no ponto, passados o tempo, corte-a ao meio e veja: se estiver uma carne branca, está bom, se não, deixe mais alguns minutos no forno);

·         Roux:

- Em uma panela, derreta manteiga (01 colher de sopa) e adicione farinha até adquirir uma consistência pastosa como a de papa de bebê;

- Leve à geladeira;

·         Farofa:

- Frite o bacon e adicione a cebola;

- Assim que a cebola dourar, adicione a farofa temperada;

- Para deixar a farofa mais molhada, acrescente uma colher de manteiga;

- Adicione a cebolinha picada;

·         Molho:

- Frite a cebola até dourar;

- Adicione um copo de água;

- Dissolva um tablete de caldo de carne;

- Coloque um cálice pequeno de vinho (em outras palavras: coloque pouco vinho);

- Use o roux para engrossar o molho.

- Quando você estiver fazendo o molho ele deve ficar ralo, pois, quando ele esfriar vai ficar mais grosso.

Ao servir, corte o lombo como melhor preferir e despeje um pouco do molho por cima enfeitando com a farofa.

 

BOM APETITE!!!!

 

 

 



sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Homossexualidade (Considerações Finais & Bibliografia)

 
 
 
Lembrando, antes de encerrar, que nada aqui foi a minha opinião além do momento em que deixei isso bem claro. Em determinados assuntos, eu prefiro não ter uma opinião, eu prefiro estudar sobre o tema e tecer um raciocínio lógico que possa gerar uma discussão pertinente, onde eu possa construir uma argumentação convincente para só então formar uma opinião concreta sobre o assunto. Então, eu prefiro SABER das coisas, antes de expor uma opinião que vá contra o que é factual.
ATENÇÃO: EU NÃO QUIS DIZER QUE A HOMOSSEXUALIDADE TEM CAUSAS GENÉTICAS, O QUE EU QUIS DIZER FOI QUE ELA NÃO É UMA ESCOLHA DO INDIVÍDUO. É PRECISO NÃO CONFUNDIR CAUSA COM BASE: A CAUSA É O CARRO, A BASE É O BANCO DO PASSAGEIRO. OK?
A orientação sexual não é opcional, o comportamento sexual é –– e os únicos capazes de optar pelo comportamento sexual (sem estarem condicionados a isso) são os bissexuais. E eu digo que a orientação sexual NÃO é opcional por um simples motivo: você escolheu ser hétero em algum momento da sua vida? (supondo que você seja hétero). Eu não me lembro de ter escolhido ser hétero e não conheço ninguém que tenha escolhido ser hétero. Agora me responda: se um hétero não escolhe ser hétero, por que um homossexual escolheria ser homossexual? Visto que ninguém consegue escolher ser hétero, não há motivos lógicos para alguém escolher ser homossexual. A MINHA OPINIÃO É QUE: se não há nenhum meio de escolher uma opção, é lógica e naturalmente impossível que haja um meio de escolher a outra opção. Até porque se fosse realmente uma opção, o que seria mais óbvio escolher: ser aceito pela sociedade, pela família, pela religião, poder andar tranquilo pela rua sem que ninguém olhe torto; ou ser rejeitado pela família, ser expulso de casa, ouvir da religião que se é uma abominação, ser desprezado pela sociedade e, ainda por cima, pode até morrer pelo simples fato de existir. POR QUE ALGUÉM ESCOLHERIA SER HOMOSSEXUAL? Notou o quão sem fundamento é dizer que a homossexualidade é uma opção? Mas mesmo que fosse, haveria algum problema nisso? Qual o motivo de tanta hostilidade com relação às escolhas de outrem?
O ser ou não gay, não depende da criação e nem de uma escolha individual, tudo tem a sua base genética e hormonal. Se acaso fosse por uma escolha, não seria muito lógico escolher ser menosprezado pela sociedade, e se fosse pela criação, todos os irmãos de uma mesma família que, supostamente, foram criados de uma mesma maneira, seriam gays, coisa que não acontece.
Eu não gostaria de ter um filho ou uma filha homossexual, mas pelo simples fato de que a nossa sociedade seria demasiado agressiva com relação a isso. Porém, eu preferia ter um filho gay a um filho ladrão.
Não adianta, senhores, levar um homossexual ao psicólogo para que ele (a) deixe de ser o que é: uma pessoa só deixa de ser homossexual, se ela for bissexual. Mas eu não vejo nada de mais em uma pessoa ser homossexual, nós, heterossexuais, é quem inventamos um problema para tudo aquilo que saia do padrão heterossexual, caucasiano e cristão. O máximo que um psicólogo poderá fazer é ajudar um homossexual a lidar com a sociedade e consigo mesmo. Tentar curar um gay, é a mesma coisa que tentar curar um negro: é pura perca de tempo, pois isso é da natureza da pessoa, ou seja, é algo que independe dela para acontecer.
E antes que me perguntem, vamos à resposta por eliminação: eu não sou hermafrodita e nem transexual, ou seja, só me resta a 3ª barra, e eu estou do lado HETERO, com toda a certeza que tenho. Mas, eu não posso dizer com certeza que a repulsa que todo heterossexual sente por pessoas do mesmo sexo seja uma coisa 100% biológica ou algo que a sociedade incutiu no subconsciente da pessoa. Mas, voltando a minha pessoa: desde criança eu gostei de ver mulheres nuas ou seminuas, sempre achei o cheiro masculino totalmente desagradável, e sempre me interessei por mulheres –– e isso para mim é uma evidência de heterossexualidade. Agora, se eu estou no extremo heterossexual, ou na porção bissexual tendendo à heterossexualidade da barra, eu não tenho como saber, e não tenho a mínima vontade de descobrir.
 
Vale ressaltar que eu sou a favor de que os homossexuais tenham os meus direitos civis dos heterossexuais, e isto inclui o casamento. Se a igreja é contra, se o pastor é contra, isto não me interessa porque nós estamos em um Estado Laico, onde a religião deve(ria) ficar restritamente em seus templos, e não tomando decisões políticas. Mas, eu não vejo motivo para tamanho furor: seria burrice (desculpem o termo) um gay querer entrar para uma religião que o condena ao apedrejamento e à morte no inferno de sofrimento eterno e et cætera –– pelo menos é assim que eu penso.
 
E, por fim, não é porque eu ache que a homossexualidade é algo que venha da natureza do indivíduo, que eu apoie os casais homossexuais a saírem “demonstrando seu amor” pelas ruas afora; partindo da velha máxima de que eu não gostaria que meu filho visse dois homens se beijando, eu não gostaria que meu filho visse NENHUM casal, seja ele hetero ou homossexual, se beijando ou se agarrando em local público, pois, para isso é que existem os motéis. Assim sendo, defendo a naturalidade da homossexualidade, sou contra a homofobia e, principalmente, acho que ser gay ou ser hetero não é uma escolha individual, então, homossexuais que me leem, não se sintam culpados, pois o céu é de vocês também.
 
 
BIBLIOGRAFIA:
·         Sobre a homossexualidade ser uma doença:
Saúde e doença: Significações e Perspectivas em Mudança
·         Sobre Neurociência (Download de livro em inglês):
·         Diferenças cerebrais entre homossexuais e heterossexuais:
·         Explicação sobre cromossomos sexuais:
·         Vídeo do Pirulla com o texto do post:
·         Diferenciação sexual cerebral:
·         Explicação sobre a origem hormonal da orientação sexual:
·         Transexualidade:
·         Stress na gravidez e homossexualidade:
·         Sobre a Escala Kinsey:
·         Sobre mudança sexual natural (em inglês)
·         Em peixes:
·         Em sapos:
·         Sobre os problemas em determinar genes sexuais em peixes:
·         Cromossomos sexuais em aves:
·         Comportamento homossexual em tartarugas:
·         Exemplos conhecidos de animais com comportamento homossexual:
·         Brincadeiras de criança entre chimpanzés:

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Homossexualidade (Mas, afinal, o que é um homossexual?)

 
 
 
Recapitulando, até o presente momento, eu falei de duas possíveis causas determinantes para que ocorram alterações no perfil sexual do indivíduo, e são elas, à saber: a orientação externa e a orientação cerebral. Agora eu vou entrar no tema abordado propriamente dito, eu vou falar sobre a atração física. E para tanto, vou usar uma terceira barra, onde em um extremo nós temos os indivíduos heterossexuais, e na extremidade oposta, nós temos os indivíduos homossexuais:
 
 

É praticamente impossível discutir a origem exata da homossexualidade de um determinado indivíduo, o máximo que se pode fazer é levantar hipóteses, como as que aqui foram apresentadas, sobre o tema; porém, muito se tem discutido sobre um chamado “gene gay” –– porém, nada há-de se dizer, visto que, mesmo que exista este gene, ele não seria um determinante para que um indivíduo seja homossexual, da mesma forma que ter um gene Y não determina que um indivíduo seja do sexo masculino, só vai denunciar que ele não será do sexo feminino 100%. O fato é que é com quase absoluta certeza que se diz que a homossexualidade, assim como a orientação cerebral, é determinada por hormônios ainda no período gestacional. Há ainda artigos que sugerem que um alto nível de stress durante a gravidez pode gerar alterações na produção hormonal que gerariam modificações na orientação sexual do feto. De um ponto de vista evolucionista, é possível que, caso este gene exista, ele, além de estimular a homossexualidade do indivíduo, gere o aumento da fertilidade, ainda que, em alguns casos, gere um indivíduo homossexual.
Mas, antes de tudo, vamos definir o que é um homossexual: um homossexual é o indivíduo que sente atração física APENAS por outros indivíduos do mesmo sexo. Isso não quer dizer que um heterossexual não sinta prazer no ânus por exemplo: o local em que se sente prazer não diz absolutamente nada sobre sua orientação sexual, diz apenas os locais do seu corpo que lhe favorecem prazer, NADA ALÉM DISSO. Portanto, homens com mais de 40-50 anos que estão me lendo: façam o exame de próstata, isso não vai fazer de você um gay, mesmo que você sinta prazer com isso. O que faz uma pessoa ser heterossexual ou homossexual é o “objeto” de desejo sexual que ela tem.
Exatamente no meio do “caminho” entre um homossexual e um heterossexual, encontra-se o bissexual irrestrito, aquele que sente atração física por pessoas de qualquer gênero.
 
 

À medida que se caminha para o lado heterossexual, encontram-se pessoas que, possivelmente, podem se relacionar com pessoas do mesmo sexo, mas tendem a se relacionar com pessoas do sexo oposto; por exemplo, aquela moça que tem namorado mas que sai com outras moças em algum momento da vida, aquele homem que é casado e pai de família mas sai com travestis, etc.
E à medida que se caminha para o lado homossexual, encontram-se pessoas que podem até se relacionar com pessoas do sexo oposto, mas têm preferência por pessoas do mesmo sexo: aquela moça que até sai com homens mas é apaixonada pela amiga, o amigo gay da sua namorada que acaba ficando com ela de vez em quando, o gay que tem filhos biológicos, etc.
 
O mais importante, é que o verdadeiro homossexual e o verdadeiro heterossexual encontram-se apenas nas extremidades da barra, todo o resto são apenas níveis diferentes de bissexualidade. Pode-se até observar características secundárias do sexo oposto em um homossexual estrito, como pouca barba em caso de homens, e voz grossa no caso de mulheres.
 
Agora, EM MINHA OPINIÃO (é bom frisar que o que se segue não é baseado em nenhum estudo quanti ou qualitativo), assim como a maior parte da barra acima apresenta níveis diferentes de bissexualidade, a maior parte da população mundial também deve estar. Mas nenhum pesquisador nunca vai poder saber, porque a sociedade obriga as pessoas a fazerem uma escolha. E os únicos indivíduos quem têm condições de fazer essa escolha, são os bissexuais, ainda que eles não tenham escolhido ser bissexuais, eles podem escolher com qual gênero irá manter um relacionamento, visto que sente atração sexual por ambos os sexos. E assim como as sanguessugas e os peixes conseguem mudar de sexo dependendo do estágio da vida em que se encontram, um bissexual também pode. Por exemplo, um homem que até os trinta anos só se interessava por outros homens passa a gostar de mulheres, ou uma mulher que depois de se separar do marido vira lésbica. Assim, a nossa sociedade obriga as pessoas a sublimarem um lado de sua bissexualidade, em nome da moral e dos bons costumes.
 
Mas os homossexuais não têm escolha. Os homossexuais sofrem pela não aceitação pela sociedade, que só se agrava quando, por exemplo, alguém inicia uma história patética sobre a “cura gay”. Na verdade, não existe uma cura para a homossexualidade, visto que esta não é uma doença. O máximo que pode ser feito é: ou um bissexual quase gay ser obrigado a estimular o seu lado hetero, ou condenar um homossexual à falta de sexo pelo resto da vida, provocando traumas psicológicos que arruinarão ainda mais a vida desse homossexual.




quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Homossexualidade (O Gene Gay)

 
 
 
 
A questão da homossexualidade em animais pode ocorrer principalmente pela falta do sexo oposto, o que gera alterações no comportamento sexual dos indivíduos, mas também pode ser por uma demonstração de dominação. Em animais sociais, a questão de cópula pode ser muito mais fundamentada na questão da dominação do que uma alteração do comportamento sexual. Mas este tipo de comportamento na maioria (para não dizer em todas) das espécies é mais uma consequência de uma possível programação cerebral que todas as espécies possuem para que ocorra a mudança de sexo em algum caso de necessidade. Só que, as espécies amnióticas perderam a capacidade de fazer essa mudança externamente.
Isso acontece muitas vezes em comunidades humanas, como em presídios, exércitos, conventos, ad infinitum: por não haver a presença do sexo oposto, e muitos indivíduos ficarem reclusos junto de outros do mesmo sexo, por uma questão da necessidade, podem ocorrer relações sexuais entre indivíduos do mesmo sexo. Outro exemplo: os casos de zoofilia que ocorrem em alguns lugares –– pela falta de pessoas do sexo oposto, os indivíduos utilizam-se de animais para se satisfazer. Além disso, este mesmo tipo de comportamento pode ser observado em algumas etapas do desenvolvimento sexual do ser humano. Mas, esse comportamento sexual decorrente do desequilíbrio populacional em relação a um dos sexos, é a minoria dos casos existentes, se comparados a outros que acontecem graças ao comportamento sexual do ser humano.
 
Mas o fator que determina o comportamento sexual humano é, possivelmente, algo relacionado aos genes.
 
Que me corrijam os geneticistas, mas pelo que sei, os vertebrados possuem dois cromossomos sexuais, e um deles é sempre fixo (um deles sempre estará presente tanto no macho quanto na fêmea). Se este cromossomo aparece duplicado, é um sexo, se aparece com outro tipo de cromossomo, é outro sexo. Na espécie humana, o sexo feminino é o duplicado (XX), e o sexo masculino é o que possui o cromossomo diferente (XY). Já nas aves é o contrário, os machos têm os cromossomos duplicados e as fêmeas têm os cromossomos diferentes; no caso das galinhas, por exemplo, o macho tem os cromossomos ZZ e a fêmea tem os cromossomos ZW. Em peixes e anfíbios, é possível que esses cromossomos sejam iguais, ou muito semelhantes entre si, para todos os indivíduos. Assim, alguns genes seriam ativados ao longo do tempo de vida, assim como as metamorfoses que ocorrem com os sapos, por exemplo: o sapo só cria pernas, deixando de ser girino, graças à ativação de um determinado gene. O que realmente importa é: tanto o sexo externo quanto o comportamento desses indivíduos, muda quanto ocorre a troca de sexo.
 
Os homens, como acaba de ser dito, tem um cromossomo sexual diferente (Y), e este cromossomo é o que determina a formação do homem. Logo, qualquer outro indivíduo que não tem o cromossomo Y, ou é uma mulher (XX) ou então é algo indistinguível de uma mulher. Porém, isso não é tão simples assim. E um exemplo claro e conhecido disso é o hermafroditismo humano (que não tem nenhuma ligação com a homossexualidade do indivíduo). Para explicar de forma simples os fatores cromossômicos determinantes da sexualidade humana, eu vou usar uma barra em degrade onde, em uma das extremidades se encontra um indivíduo do sexo masculino e na outra, obviamente, um indivíduo do sexo feminino. E no meio, entre as duas extremidades, encontra-se um indivíduo que pode ser chamado de hermafrodita.
 
 
A formação da genitália externa e das gônadas, que são os órgãos que produzem os gametas (espermatozoide ou óvulo), é determinada geneticamente. Porém, estas estruturas não diferem nem no homem nem na mulher até a sexta semana de gestação. Sendo assim, recebem o nome de gônadas bissexuais internas, ou seja, estas gônadas até a sexta semana não são nem masculinas e nem femininas. Se o embrião tiver um cromossomo Y o cérebro manda uma mensagem química para essa gônada para que se inicie a produção de testosterona, formando assim um indivíduo do sexo masculino; e se não houver o cromossomo Y, o embrião será desenvolvido como uma mulher. Com a testosterona, a gônada se torna um testículo, formando os anexos externos (nos quais o pênis está incluso). Essas gônadas bissexuais internas possuem vários corpúsculos, que, atendendo às mensagens químicas transmitidas pelos hormônios, se tornaram ou ovários ou testículos, glande ou clitóris, ou a bolsa escrotal ou os grandes lábios. Além disso, são os genes que vão dizer quando um indivíduo vai ser homem ou mulher, estimulando a produção de testosterona e estrógeno embrionário, e estes dois hormônios serão os responsáveis por fazer valer a vontade do gênero.
 
Porém, nem sempre esse processo ocorre sem erros, pois depende de uma série de fatores para que auxiliem na normalidade, como por exemplo: as boas condições do gene para poder mandar a informação hormonal correta, é preciso ter uma determinada quantidade de hormônios produzida, e uma infinidade de outros fatores. Assim, as chances de algum erro ocorrer são extremamente altas. E esses erros podem gerar desde um hermafrodita, até um pseudo-hermafrodita masculino e feminino, a síndrome adrenogenital, síndrome do testículo feminilizante, e outras situações.
Voltando agora à barra:
 
 
 
Em uma extremidade tem o homem “perfeito”, no que diz respeito à formação genital, e na extremidade oposta, tem a mulher “perfeita”. E exatamente no meio do caminho, tem o hermafrodita 50-50, que não possui nem ovário e nem testículos, ele possui uma estrutura chamada de “ovotestis”, que desenvolve os dois tecidos, mas faz com que o indivíduo seja estéril. Além disso, o hermafrodita 50-50 tem algo que se assemelha a uma vagina e algo que se assemelha a um pênis.
No degrade da barra, existe o indivíduo que é geneticamente uma mulher (XX), mas que, de alguma forma, possui uma gônada que produz testosterona, por algum provável erro de (in)formação. Assim, esse indivíduo externamente vai parecer um homem, podendo até mesmo produzir algumas características sexuais masculinas secundárias, como barba, mas que geneticamente é uma mulher. Assim, esta mulher tem ovários que provavelmente não funcionarão, e a bolsa escrotal é vazia.
 

 
 
No outro extremo, há o indivíduo que é geneticamente homem (XY), mas que por algum motivo não sofreu o efeito da testosterona embrionária –– existem, inclusive, discussões sobre isso ser um fator autoimune do organismo. Então, o indivíduo desenvolve corpo de mulher, chegando a ter, em alguns casos, uma vagina rasa, características secundárias de mulher, como, por exemplo, a formação de seios, mas que, na verdade, é um homem –– o testículo fica na virilha (conhecido como testículo inguinal).
 
 

 
Há ainda os indivíduos que possuem um ovotestis e um ovário, tendo características femininas; outros que possuem um ovotestis e um testículo, tendo características masculinas; e uma série de outras variações.
 
 
São os mesmos hormônios que determinam a formação do sexo externo que irão determinar o formato do cérebro do indivíduo –– assim sendo, os homens são cerebralmente homens e as mulheres são cerebralmente mulheres. Essas diferenças cerebrais ficam mais evidentes durante a puberdade, que é o período em que os hormônios começam a ser produzidos com uma maior intensidade, porém, a compleição cerebral já está presente desde o período conhecido como VIU (vida intrauterina). Para explicar isso, vou usar outra barra, onde um dos extremos é o cérebro masculino e o outro extremo é o cérebro feminino.
 
 
 
As mais simples atividades, como por exemplo, uma criança gostar mais de brincar de boneca do que de carrinho, gostar mais de brincar de luta do que de casinha, etc. Este tipo de comportamento –– a separação das brincadeiras de menino e de menina –– é encontrado em várias espécies, como em chimpanzés, por exemplo.
Assim sendo, sabendo que o cérebro pode ser tanto masculino quanto feminino, não se pode descartar a possibilidade de um indivíduo de um sexo ter o formato cerebral condizente ao sexo oposto. Esta condição de “troca” de cérebro é chamada de Transexualidade, que possui vários níveis, que podem ser distribuídos na barra acima.
 
Lembrando novamente: um transexual não é homossexual, são duas coisas completamente diferentes entre si. O transexual tem o cérebro de um determinado sexo, mas está aprisionado no corpo do sexo oposto. Para ilustrar o que eu estou falando, eu indico que se assista o filme “Se eu fosse você” com o Tony Ramos e a Glória Pires. Por estar aprisionado dentro de um corpo que não corresponde ao cérebro, a vida de um transexual pode ser muito difícil: o índice de suicídios de transexuais é exorbitantemente alto, além disso, o número de transexuais que praticam alguma atividade autodestrutiva, como o uso de drogas, é ainda maior ao número de suicídios. E é por isso que o SUS cobre a cirurgia de mudança de sexo em casos de transexualidade.