sábado, 8 de dezembro de 2012

MDNA TOUR (Impressões Leves)




Diante das dezenas de milhares de pessoas, os DJs esforçam-se por entreter e animar, por pouco tempo que seja, o vasto e heterogêneo público, composto de jovens e idosos, homens e mulheres, hetero e homossexuais, de todas as cores, tamanhos, e lugares: de todos os cantos do mundo, os súditos reuniram-se constantemente, noite após noite, para presenciar a volta de uma rainha ao trono do qual nunca descera –– todos anseiam por Madonna. Apesar da qualidade e da variedade de DJs convidados, o brilhantismo da Grande Atração ofuscou a tudo e a todos.

Na abertura do show, o palco se transforma em uma catedral gótica
 
E num passe de mágica as luzes se apagam, deixando entrever as grades de um enorme portal. Um turíbulo grande e pesado deixa-se baixar às mãos de monges vestidos de vermelho que entoam cantos gregorianos: silêncio, o show começou –– uma fina camada de fumaça invade o palco negro, o cheiro de incenso de certo invade o ar enquanto pequenas gárgulas invadem a catedral gótica que é o palco. Trovões e sinos se ouvem sobre tudo, anunciando a chegada da mãe de todos, a Madonna viva, cuja beleza pintada pelos grandes mestres não foi ofuscada com o passar dos anos. Ouve-se uma prece, os portais se abrem, o público delira, ovacionando a tão esperada rainha, que, livrando-se dos véus que lhe cobrem, saca uma arma e quebra a redoma na qual estava enclausurada. 

Antes de Girl Gonne Wild

E ela dança, e canta, e vive, e pulsa diante dos súditos. A vitalidade de uma mulher que muito viveu e muito conquistou fica aparente às centenas de pessoas que lhe vieram prestar homenagem. E que não se enganem aqueles que acreditam que a Rainha perdeu seu trono, durante “Girl Gone Wild” Madonna deixa clara sua posição soberana no mundo da música.

Depois de dançar sem parar, Madonna lança mãos à arma que a libertara no início do show e dispara, o público delira quando esta mulher de 54 anos retorna de arma em punho e lidera uma quadrilha de mulheres, que atiram em todas as direções, dançando, pulando, rastejando e rolando pela passarela que delimita o tão sonhado Golden Triangle. Seguindo-se a esta, vem “Gang Bang”, música que levanta o público fazendo-o delirar durante o refrão gritado à plenos pulmões enquanto se vê uma Madonna brigando com criminosos no quarto de um hotel, sacando armas, rodando em postes, batendo em rostos –– tudo rápido e bem planejado, misturando teatralidade, talento, presença de palco e musicalidade numa performance digna de Tarantino ou de James Bond.

Madonna "matando" os bailarinos em Gang Bang
 
Depois de matar todos os dançarinos em palco e deixar o público com os nervos à flor da pele, os violinos dramáticos de “Papa Dont Preach” servem de ponte entre a música anterior e a próxima, o sucesso “Hung Up”, que ganhou nova versão, que combina com o trecho de “Papa Dont Preach”. Agora a plateia delira não pelo uso de armas, mas por uma Madonna que é arrastada pelo palco antes de andar na corda bamba enquanto chamas se projetam no telão. E este momento seria o ideal para uma saída triunfal do palco, apesar da quebra no ritmo que houve durante “Papa Dont Preach”, que felizmente levou o público a delírio, deixando-o com um gosto de ‘quero mais’. Mas não é em “Hung Up” que este primeiro bloco do show se encerra: eis que volta ao palco uma Madonna guitarrista, que troca olhares provocantes com a plateia enquanto canta aos berros “I Dont Give A” levantada por uma plataforma na ponta da passarela do Golden Triangle, uma mensagem à todos aqueles que quiseram tirá-la de onde ela nunca saiu –– e isso fica claro com a frase “There's only one queen, and that's Madonna” (Só existe uma rainha, e ela é Madonna). Enfim, a estrela entrega sua guitarra ao trio basco Kalakan (que antes fora os monges no início do show), antes de deitar-se numa coluna e é levantada diante de uma cruz vermelha com as iniciais MDNA, fazendo o público delirar mais uma vez.

No final de I Don't Give A
Acabado o primeiro bloco, depois do vídeo interlúdio “Best Friend”, volta uma Madonna totalmente diferente daquela que empunhava armas e lutava durante o primeiro bloco: vestida com uma roupa de líder de torcida, a cantora inicia um dos segmentos mais polêmicos da turnê MDNA –– alfinetando descaradamente a rival Lady Gaga, Madonna canta “Express Yourself”, seguida de “Born This Way”, de Gaga, e “Shes Not Me”, relembrando as polêmicas em torno da semelhança entre as duas primeiras músicas, deixando claro que, definitivamente, Lady Gaga não é Madonna “e nunca será”. Apesar de ser um dos segmentos mais aclamados do show, esta sequência pareceu, aos meus olhos, um pouco “infantil” para uma mulher que, com certeza, não precisa provar nada a ninguém. Deixando de lado esta sequência, Madonna entoa uma das músicas que mais fizeram sucesso em seu novo álbum, “Give Me All Your Luving”, na qual encarna uma líder de torcida com pompons sendo agitados durante uma das melhores coreografias feitas, na qual Madonna mostra ter ainda muito fôlego para continuar com o show dançando e cantando como uma moça de seus vinte e poucos anos. É neste momento que entram, no palco dançarinos içados à vários metros do chão, como se estivessem flutuando acima da cabeça de um público cada vez  ais eufórico.

Express Yourself

Depois do espetáculo que foi o segundo bloco da turnê, Madonna volta com um vestido preto, mais uma vez com guitarra na mão, enquanto é acompanhada por grande parte das pessoas na canção “Turn Up The Radio”, outro ponto forte do show. E aqui vale mais uma observação; quando soube que esta música estaria no setlist, logo imaginei uma coreografia cheia de acrobacias, e fiquei um pouco desapontado com a guitarra tocando, PORÉM, este é um dos melhores momentos do show por dar ao público a possibilidade de tirar os pés do chão e vibrar como as cordas do instrumento nas mãos da cantora, tornando a escolha de uma ‘não coreografia’, a melhor coreografia possível para o momento.
Madonna Durante Turn Up The Radio

Seguindo-se a esta, vem uma das canções clássicas da rainha do pop, a música “Open Your Heart”, que ganhou arranjo novo e mais animado (um dos melhores, em minha opinião, que a música já ganhou) com um toque de “Sagarra Jo” do grupo Kalakan, onde nota-se o vigor de uma mulher que, apesar da idade, tem muito a nos mostrar, sempre se reinventando. Depois desta música e de um discurso, que nem sempre foi o mesmo, Madonna canta Holiday num arranjo simples, porém, dançante. Encerrando este terceiro bloco, vem a balada “Masterpiece”, que levou alguns dos presentes às lágrimas, mas que acabou esfriando um pouco o ritmo do show perigosamente. E este é o único momento do show em que Madonna dá o braço a torcer e fica sentada, rodeada de sua trupe, para cantar.

Madonna cantando Open Your Heart

Logo em seguida à “Masterpiece”, vem a provocante e sexy “Justify My Love” como interlúdio, que leva ao palco o vídeo de uma mulher totalmente sensual e bem resolvida com sua feminilidade. Mal se acaba o último acorde do vídeo interlúdio, flashes invadem o palco de todas as direções, enquanto as batidas mais do que conhecidas de “Vogue” levam o público a delírio, recuperando o ritmo antes diminuído no fim do último bloco –– mas em se tratando da Rainha do Pop, não era de se espantar que esta manobra tática um tanto estranha (diminuir o ritmo do show durante Masterpiece) fosse levar a algum lugar.
Durante a apresentação de Vogue

Este é, sem sombra de dúvidas, o bloco mais Madonna do show: nele se vê uma artista cantando sãs antigas músicas somente (o que não acontece nos demais blocos do show, que têm ênfase no novo álbum), mas de uma forma totalmente nova. “Vogue” é, como sempre, dançante, empolgante, contagiante, eletrizante, e todos os outros adjetivos positivos com sentido parecido com os já usados. Retornando às suas origens, Madonna optou por um sutiã cônico a lá Blond Ambition Tour, sobre uma roupa sóbria que é lentamente despida, música após música. Depois de “Vogue” vem uma versão estilo cabaret francês de “Candy Shop”, para espanto dos fãs que, como eu, não viam esta música com bons olhos no setlist. Aqui Madonna dança rodeada de bailarinos que lenta e quase imperceptivelmente vão saindo de cena, dando lugar as enormes espelhos que contracenarão com a canora durante a performance de “Human Nature”, que termina com o tão falado strip-tease, com o qual Madonna exibe um corpo de dar inveja a muitas e despertar os desejos de todos. É durante “Human Nature” que pude observar uma coisa bastante peculiar: em um dado momento da música, jogam uma bengala à cantora, que, depois de andar um pouco apoiada nela, joga-a para longe –– estaria Madonna atirando para longe o “tabu” da idade? Dando-nos a mensagem de que, apesar da idade, ela não é velha coisa nenhuma? Provavelmente sim. e o bloco não poderia terminar de forma mais magnífica quanto esta: seminua, usando apenas uma ousadíssima lingerie, Madonna recolhe dinheiro do palco, no qual se arrasta, e canta “Like a Virgin” sobre o piano, mostrando uma elasticidade ímpar ao levantar a perna e mantê-la assim por algum tempo. E termina-se o bloco com uma artista mais uma vez ovacionada pela multidão.

Madonna canta os clássicos Human Nature e Like a Virgin
O último bloco do show começa com um vídeo interlúdio de “Nobody Knows Me”, que causou polêmica na França ao mostrar Marine Le Pen com uma suástica na testa. Mas, polêmicas à parte, esta é a parte mais surpreendente do espetáculo. Depois do interlúdio com “Nobody Knows Me”, com direito a bailarinos fazendo acrobacias na corda bamba, entra no palco uma Madonna totalmente dissonante das demais que passaram no palco durante o show –– e isso é, sem dúvida, uma coisa boa. Vestida num figurino que remete às armaduras medievais, ela canta “Im Addicted”, cuja coreografia simula golpes de Kung Fu, a Rainha do Pop distribui golpes para todos os lados acompanhada de seus bailarinos, enquanto é levantada pela mesma plataforma usada em “I Dont Give A”. Mas que não se enganem os fãs cuja atenção é voltada somente para o agora: este mesmo estilo de coreografia, que se mistura com elementos das artes marciais, já fora usado em 2001 na música “Frozen” durante a ‘Drowned World Tour’, porém, desta vez a coreografia fui muito mais bem feita e melhor trabalhada. Na sequência desta música, vêm um medley que, num primeiro momento, me causou estranheza: tratam-se das músicas “Im A Sinner” e “Cyberraga”. Assim que soube que “Cyberraga” estaria no repertório, pensei que, realmente, Madonna havia enlouquecido –– como assim, colocar uma música em sânscrito, um idioma muito pouco conhecido, numa turnê? Só que, mais uma vez, a Rainha me surpreendeu, fazendo deste o bloco mais surpreendente do show, fechando com chave de ouro a noite. Mas, vamo-nos aos detalhes: cercada por seus bailarinos que saltam de um ‘ônibus’ para o outro, Madonna nos leva a um passeio pela Índia durante “Im A Sinner” enquanto toca sua guitarra, e já explico: durante a música, há projeções no telão que mostram ruas da Índia, e os ônibus nos quais os bailarinos fazem acrobacias, são formados graças à plataformas com telões de LED que se erguem no meio do palco. Logo depois de fazer a plateia toda se confessar pecadora e dizer que “adora o mau caminho”, Madonna, acompanhada mais uma vez pelo trio Kalakan, deixa de lado sua guitarra e entoa o mantra “Cyberraga” antes de deixar no palco apenas o Kalakan, que além de fechar o mantra, dá início ao clássico “Like a Prayer”, levando todos na audiência ao delírio. Num piscar de olhos, o palco enche-se de um coral que, junto com o Kalakan, dará um ar ainda mais “espiritualizado” ao hit. Música terminada, sinos badalam encerrando a “missa” que fora aberta um pouco antes da primeira música do show, “Girl Gone Wild”.

Madonna durante as performances de Celebration, Like a Prayer, I'm A Sinner e I'm Addicted

Encerrada a “missa”, ouve-se ecoar os primeiros versos de “Celebration”, que fará do encerramento do show uma verdadeira festa. Esta foi a melhor escolha para um encerramento de um show Pop: nele Madonna esbanja sorrisos, canta, dança e pula, convidando a todos ali, no palco ou fora dele, a uma verdadeira pista de dança ao ar livre. Novamente Rocco aparece no palco e dá uma de DJ ao lado da mãe, que, depois de quase duas horas de show, despede-se de todos com um “Obrigado” que encerra de vez o show, que vai além de uma abertura grandiosa como a da “Confessions Tour”, em 2006, vai além da música e da teatralidade, atingindo em cheio a celebração à música, à dança e à vida.
Em vários momentos da MDNA Tour

Um comentário:

  1. Essa com toda a certeza é uma das maiores,mais bonitas e melhores turnês da Rainha do Pop Madonna além do público enorme,a grande quantia faturada em cerca de mais de 305 milhões de reais ela faturou três prêmios na Billboard ganhando de todas as outras cantorinhas de Pop.Rainha do Pop Madonna <3

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