terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Homossexualidade (A Natureza Biológica da Troca de Sexos)

 

 



A primeira coisa a ser feita, é separar dois conceitos: o conceito de Reprodução Sexuada, ou seja, a reprodução através da troca de material genético; e o conceito de Sexos Separados. A maioria dos seres vivos existentes hoje realiza reprodução sexuada, e ainda que muitos realizem reprodução assexuada, quando houver a opção de fazer reprodução sexuada, os seres vivos tendem a preferi-la. O mais importante, a saber, sobre a reprodução sexuada, é que ela gera a variabilidade de genes. E a variabilidade genética é importante porque, em uma população onde todos os seres são iguais, ou têm o mesmo material genético, se houver alguma doença, há uma grande chance de que toda essa população morra de uma única vez. A variabilidade genética existe para que, quando ocorra alguma mudança brusca no ambiente (clima, relevo, etc), ou quando haja algum predador ou patologia que afete determinada população, isso não mate ela toda.

Porém, a grande maioria dos seres vivos, não tem os sexos separados. E isso é muito óbvio porque a grande maioria dos seres vivos existentes atualmente é unicelular (bactérias, fungos, protozoários, etc), e não tem como se ter sexos separados em indivíduos com uma única célula. E mesmo em indivíduos pluricelulares, como as plantas, por exemplo, não se encontram sexos separados. Isto é, o mesmo indivíduo tem os órgãos sexuais femininos e masculinos dentro de si. São pouquíssimas as espécies de plantas em que se encontram indivíduos de um único sexo. As esponjas, que são os animais com o maior número de características mais primitivas hoje, têm algumas poucas espécies que possuem os sexos separados, ou seja, a grande maioria das esponjas é hermafrodita. O máximo que os indivíduos hermafroditos fazem, é produzir gametas (óvulo e espermatozoide) em períodos diferentes na vida. Para ilustrar, durante seis meses, o indivíduo produz gametas femininos (óvulos), e durante seis meses, produz gametas masculinos (espermatozoides).

Um grupo de indivíduos que tenha os sexos separados é chamado de dioico –– a maioria dos insetos tem os sexos separados, algumas famílias de moluscos também, algumas têm e outras não, os anelídeos marinhos (chamados também de poliquetas) são quase todos dioicos, os anelídeos terrestres (as minhocas e sanguessugas) são quase todos hermafroditas, a minhoca por exemplo, tem o hermafroditismo total, ou seja, em toda sua vida irá produzir tanto gametas masculinos, quanto femininos, já as sanguessugas são mais parecidas com as esponjas, elas “mudam de sexo” durante a vida. Ou seja, a separação entre os sexos aconteceu em vários períodos durante a história da vida e, lógico está, isso tem uma função. E isso pode ter acontecido por uma série de motivos: talvez por ser mais econômico energeticamente, pode ser uma questão de especializar os indivíduos a produzirem apenas um tipo de gameta, ou talvez tenha acontecido simplesmente por conta de uma limitação genética –– uma espécie alcançou um determinado grau de arranjo genético e não havia meios de manter os dois sexos em um mesmo indivíduo ––, talvez essa separação seja uma maneira de aperfeiçoar a reprodução sexuada, tornando-a mais eficiente. Geralmente as espécies dioicas possuem alguma diferença genética entre os indivíduos machos e fêmeas; no caso do ser humano, essa diferença é cromossômica: os cromossomos sexuais masculinos e femininos são diferentes entre si. Já nas famílias dos himenópteros (abelhas, formigas, vespas, etc), não existem cromossomos sexuais específicos, nesses casos, o macho tem a metade do material genético da fêmea, ou seja: se tiver metade do material genético vira macho, se tiver o dobro, vira fêmea. Há ainda outros casos em que os cromossomos sexuais existem, mas são iguais tanto para machos quanto para fêmeas, o que varia os sexos é a quantidade do material genético (se o número cromossômico for maior é fêmea, se for menor é macho).

Os peixes e anfíbios são os vertebrados com fecundação externa, ou seja, não existe penetração sexual: o macho solta os espermatozoides na água e a fêmea solta os óvulos na água, ocorrendo assim a fecundação externa. Isso quer dizer que peixes e anfíbios não possuem órgão sexuais externos. E existem ainda algumas espécies de peixes que conseguem mudar de sexo durante a vida. Isso pode acontecer, por exemplo, se o equilíbrio sexual de uma população estiver desfavorável –– se houverem mais machos do que fêmeas e vice-versa: tanto as fêmeas podem se “transformar” em macho quanto os machos em fêmeas, provocando assim o equilíbrio sexual. Mas a maioria desses peixes tem exatamente o mesmo mecanismo que as esponjas e sanguessugas: eles mudam de sexo em períodos determinados da vida. E isso acontece exatamente pelo fato de que não existem genitálias externas em peixes –– se houvesse a genitália externa essa troca de sexo não seria possível.

Indo agora às espécies amnióticas (que possuem “ovos de casca dura”, como os répteis e aves), que são aquelas que vivem a maior parte do tempo, ou toda a vida, em terra seca. Por viverem em terra seca, os indivíduos amnióticos não poderiam realizar a fecundação externa, pois o óvulo precisa de água para sobreviver, e a única maneira de que o óvulo se mantenha úmido é dentro do corpo da mãe; então o gameta masculino tem chegar dentro do corpo da mãe. Isso requer o aparecimento de genitália externa, que irá introduzir o gameta no organismo da fêmea. Esta é uma solução muito elegante, porém, ela impõe limites: com a genitália externa, a reversão de sexo durante a vida fica praticamente impossível de acontecer; mas, apesar da mudança de sexo física ser quase impossível, a mudança comportamental não é impossível de acontecer.


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