quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Homossexualidade (O Gene Gay)

 
 
 
 
A questão da homossexualidade em animais pode ocorrer principalmente pela falta do sexo oposto, o que gera alterações no comportamento sexual dos indivíduos, mas também pode ser por uma demonstração de dominação. Em animais sociais, a questão de cópula pode ser muito mais fundamentada na questão da dominação do que uma alteração do comportamento sexual. Mas este tipo de comportamento na maioria (para não dizer em todas) das espécies é mais uma consequência de uma possível programação cerebral que todas as espécies possuem para que ocorra a mudança de sexo em algum caso de necessidade. Só que, as espécies amnióticas perderam a capacidade de fazer essa mudança externamente.
Isso acontece muitas vezes em comunidades humanas, como em presídios, exércitos, conventos, ad infinitum: por não haver a presença do sexo oposto, e muitos indivíduos ficarem reclusos junto de outros do mesmo sexo, por uma questão da necessidade, podem ocorrer relações sexuais entre indivíduos do mesmo sexo. Outro exemplo: os casos de zoofilia que ocorrem em alguns lugares –– pela falta de pessoas do sexo oposto, os indivíduos utilizam-se de animais para se satisfazer. Além disso, este mesmo tipo de comportamento pode ser observado em algumas etapas do desenvolvimento sexual do ser humano. Mas, esse comportamento sexual decorrente do desequilíbrio populacional em relação a um dos sexos, é a minoria dos casos existentes, se comparados a outros que acontecem graças ao comportamento sexual do ser humano.
 
Mas o fator que determina o comportamento sexual humano é, possivelmente, algo relacionado aos genes.
 
Que me corrijam os geneticistas, mas pelo que sei, os vertebrados possuem dois cromossomos sexuais, e um deles é sempre fixo (um deles sempre estará presente tanto no macho quanto na fêmea). Se este cromossomo aparece duplicado, é um sexo, se aparece com outro tipo de cromossomo, é outro sexo. Na espécie humana, o sexo feminino é o duplicado (XX), e o sexo masculino é o que possui o cromossomo diferente (XY). Já nas aves é o contrário, os machos têm os cromossomos duplicados e as fêmeas têm os cromossomos diferentes; no caso das galinhas, por exemplo, o macho tem os cromossomos ZZ e a fêmea tem os cromossomos ZW. Em peixes e anfíbios, é possível que esses cromossomos sejam iguais, ou muito semelhantes entre si, para todos os indivíduos. Assim, alguns genes seriam ativados ao longo do tempo de vida, assim como as metamorfoses que ocorrem com os sapos, por exemplo: o sapo só cria pernas, deixando de ser girino, graças à ativação de um determinado gene. O que realmente importa é: tanto o sexo externo quanto o comportamento desses indivíduos, muda quanto ocorre a troca de sexo.
 
Os homens, como acaba de ser dito, tem um cromossomo sexual diferente (Y), e este cromossomo é o que determina a formação do homem. Logo, qualquer outro indivíduo que não tem o cromossomo Y, ou é uma mulher (XX) ou então é algo indistinguível de uma mulher. Porém, isso não é tão simples assim. E um exemplo claro e conhecido disso é o hermafroditismo humano (que não tem nenhuma ligação com a homossexualidade do indivíduo). Para explicar de forma simples os fatores cromossômicos determinantes da sexualidade humana, eu vou usar uma barra em degrade onde, em uma das extremidades se encontra um indivíduo do sexo masculino e na outra, obviamente, um indivíduo do sexo feminino. E no meio, entre as duas extremidades, encontra-se um indivíduo que pode ser chamado de hermafrodita.
 
 
A formação da genitália externa e das gônadas, que são os órgãos que produzem os gametas (espermatozoide ou óvulo), é determinada geneticamente. Porém, estas estruturas não diferem nem no homem nem na mulher até a sexta semana de gestação. Sendo assim, recebem o nome de gônadas bissexuais internas, ou seja, estas gônadas até a sexta semana não são nem masculinas e nem femininas. Se o embrião tiver um cromossomo Y o cérebro manda uma mensagem química para essa gônada para que se inicie a produção de testosterona, formando assim um indivíduo do sexo masculino; e se não houver o cromossomo Y, o embrião será desenvolvido como uma mulher. Com a testosterona, a gônada se torna um testículo, formando os anexos externos (nos quais o pênis está incluso). Essas gônadas bissexuais internas possuem vários corpúsculos, que, atendendo às mensagens químicas transmitidas pelos hormônios, se tornaram ou ovários ou testículos, glande ou clitóris, ou a bolsa escrotal ou os grandes lábios. Além disso, são os genes que vão dizer quando um indivíduo vai ser homem ou mulher, estimulando a produção de testosterona e estrógeno embrionário, e estes dois hormônios serão os responsáveis por fazer valer a vontade do gênero.
 
Porém, nem sempre esse processo ocorre sem erros, pois depende de uma série de fatores para que auxiliem na normalidade, como por exemplo: as boas condições do gene para poder mandar a informação hormonal correta, é preciso ter uma determinada quantidade de hormônios produzida, e uma infinidade de outros fatores. Assim, as chances de algum erro ocorrer são extremamente altas. E esses erros podem gerar desde um hermafrodita, até um pseudo-hermafrodita masculino e feminino, a síndrome adrenogenital, síndrome do testículo feminilizante, e outras situações.
Voltando agora à barra:
 
 
 
Em uma extremidade tem o homem “perfeito”, no que diz respeito à formação genital, e na extremidade oposta, tem a mulher “perfeita”. E exatamente no meio do caminho, tem o hermafrodita 50-50, que não possui nem ovário e nem testículos, ele possui uma estrutura chamada de “ovotestis”, que desenvolve os dois tecidos, mas faz com que o indivíduo seja estéril. Além disso, o hermafrodita 50-50 tem algo que se assemelha a uma vagina e algo que se assemelha a um pênis.
No degrade da barra, existe o indivíduo que é geneticamente uma mulher (XX), mas que, de alguma forma, possui uma gônada que produz testosterona, por algum provável erro de (in)formação. Assim, esse indivíduo externamente vai parecer um homem, podendo até mesmo produzir algumas características sexuais masculinas secundárias, como barba, mas que geneticamente é uma mulher. Assim, esta mulher tem ovários que provavelmente não funcionarão, e a bolsa escrotal é vazia.
 

 
 
No outro extremo, há o indivíduo que é geneticamente homem (XY), mas que por algum motivo não sofreu o efeito da testosterona embrionária –– existem, inclusive, discussões sobre isso ser um fator autoimune do organismo. Então, o indivíduo desenvolve corpo de mulher, chegando a ter, em alguns casos, uma vagina rasa, características secundárias de mulher, como, por exemplo, a formação de seios, mas que, na verdade, é um homem –– o testículo fica na virilha (conhecido como testículo inguinal).
 
 

 
Há ainda os indivíduos que possuem um ovotestis e um ovário, tendo características femininas; outros que possuem um ovotestis e um testículo, tendo características masculinas; e uma série de outras variações.
 
 
São os mesmos hormônios que determinam a formação do sexo externo que irão determinar o formato do cérebro do indivíduo –– assim sendo, os homens são cerebralmente homens e as mulheres são cerebralmente mulheres. Essas diferenças cerebrais ficam mais evidentes durante a puberdade, que é o período em que os hormônios começam a ser produzidos com uma maior intensidade, porém, a compleição cerebral já está presente desde o período conhecido como VIU (vida intrauterina). Para explicar isso, vou usar outra barra, onde um dos extremos é o cérebro masculino e o outro extremo é o cérebro feminino.
 
 
 
As mais simples atividades, como por exemplo, uma criança gostar mais de brincar de boneca do que de carrinho, gostar mais de brincar de luta do que de casinha, etc. Este tipo de comportamento –– a separação das brincadeiras de menino e de menina –– é encontrado em várias espécies, como em chimpanzés, por exemplo.
Assim sendo, sabendo que o cérebro pode ser tanto masculino quanto feminino, não se pode descartar a possibilidade de um indivíduo de um sexo ter o formato cerebral condizente ao sexo oposto. Esta condição de “troca” de cérebro é chamada de Transexualidade, que possui vários níveis, que podem ser distribuídos na barra acima.
 
Lembrando novamente: um transexual não é homossexual, são duas coisas completamente diferentes entre si. O transexual tem o cérebro de um determinado sexo, mas está aprisionado no corpo do sexo oposto. Para ilustrar o que eu estou falando, eu indico que se assista o filme “Se eu fosse você” com o Tony Ramos e a Glória Pires. Por estar aprisionado dentro de um corpo que não corresponde ao cérebro, a vida de um transexual pode ser muito difícil: o índice de suicídios de transexuais é exorbitantemente alto, além disso, o número de transexuais que praticam alguma atividade autodestrutiva, como o uso de drogas, é ainda maior ao número de suicídios. E é por isso que o SUS cobre a cirurgia de mudança de sexo em casos de transexualidade.

 

 


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