sexta-feira, 26 de abril de 2013

Vício em Livros - um mal necessário

 
 
A cada ida à livraria é uma facada. Na primeira semana do mês eles mostram a faca, na segunda eles espetam a faca, na terceira eles enfiam a faca, e na quarta semana eles a torcem um bocadinho na esperança de sair algumas últimas gotículas de sangue. O vício em livros está ficando cada vez mais insustentável: dez reais daqui... quinze dali... olha, liquidação de livros... hum, Estante Virtual... e no fim do mês é vermelho na certa, as economias de emergência sumiram de alguma estranha maneira. Bruxaria? Muito provavelmente. Pena que não acredito em bruxas, nem no Saci que pega as coisas e some com elas, nem no Monstro da Bagunça, que zoneia o quarto quando você não está olhando. Para os incrédulos, como eu, a realidade fica difícil de engolir, então eu tomo um copo d’água e admito: sou um viciado e estou sucumbindo ao vício. Há vícios mais baratos que o meu, como, por exemplo, o vício em maconha, em jogos, em prostitutas, em cigarros, em bebidas, em drogas, em... mas pelo menos o meu vício é menos prejudicial. Não faz com que eu perca o controle e saia vendendo meus móveis (embora conseguiria um bom dinheiro pela TV e pela geladeira...).
E eu me esforço para não cair em recaídas, evito ir às livrarias, mas elas vêm até mim: estou lendo o jornal e sou bombardeado por propagandas: olha, Feira de Livros... olha, a Unicamp está promovendo outra feira... 50, 60, 70% de desconto. Preciso ir lá agora. Fui. E quando vejo: pilhas e pilhas de livros que dão trabalho no momento em que vou passar a roleta no ônibus ou abrir o portão aqui na frente. E nesses dias, estranhamente, chove. Tiro a blusa, a camiseta, a calça se for preciso – mas os livros ficam intactos. Resultado: gripe, tuberculose, morte. Mas a estante está bonita, e isso é o que importa.


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