No
dia 04 de março de 2013, foi exibida uma matéria sobre a cura de uma menina que
nasceu com AIDS no estado do Mississipi, ao Sul Estados Unidos no jornal SBT
Brasil às 20h20min. Segundo a reportagem, a cura para o vírus só aconteceu
devido ao tratamento precoce ao qual foi a criança foi submetida, portanto, não
devemos nos alegrar muito: provavelmente essa cura só aconteceu porque o vírus
ainda não havia se “escondido” no organismo da criança. É o segundo caso de
cura da AIDS no mundo: o primeiro foi um tanto quanto mais perigoso e caro – um
homem recebera uma doação de medula cujo doador possuía algum tipo de resistência
sobre o vírus. Sem dúvida alguma é um momento de comemorarmos e torcermos para
que mais crianças sejam agraciadas com a cura desta doença para, em seguida, os
adultos também serem tratados.
Tudo
estava indo às mil maravilhas, até que aquela mulher totalmente desequilibrada
(que eu não sei o que está fazendo em rede nacional) abriu a boca para soltar
sua opinião ridícula e inflamada de preconceito: sim, eu estou falando dela, a
mulher que equivale ao Malafaia e ao Ratinho juntos – Rachel Sheherazade.
No
começo do ano, a metralhadora de esterco de Sheherazade se voltou contra
os ateus, que queriam a retirada da expressão “Deus seja louvado” das cédulas
de real. Segundo a mula jornalista, isso seria “pura falta do que fazer”,
se esquecendo de que o principal argumento que favorecia a ação para retirar a
expressão era a defesa da Laicidade do Estado – porque o Brasil é sim um Estado
Laico. Mas até ai, ok, tudo bem: era uma opinião que, acredito, não fez grandes
males a ninguém. Agora, porém, a coisa mudou, e muito, de figura: o alvo foram
pessoas que já são fragilizadas (não todas) por estarem portando uma doença que
é muitas vezes mal vista, a AIDS (Acquired Immunodeficiency Syndrome – Síndrome
da Imunodeficiência Adquirida). Não sejamos hipócritas: pessoas sem instrução –
e algumas vezes pessoas instruídas também – pensam que pegar AIDS é como pegar
gripe, basta estar no mesmo lugar, beijar, apertar a mão, abraçar, etc. NÃO! PRA VOCÊ QUE PENSA ASSIM, PARA
AGORA DE LER ISSO E VAI LER ALGO SOBRE O ASSUNTO!!
A
primeira coisa que esta coisa cidadã disse foi que os heróis da geração
da década de 1980 morreram de AIDS. MINHA FILHA, SUA DESEQUILIBRADA: ninguém
morre de AIDS, no máximo a pessoa morre com AIDS – percebeu a
diferença? Não? Vou dar um exemplo simples: imagine que uma pessoa está com uma
unha encravada e sofre um acidente que a leva a óbito. Esta pessoa morreu de
unha encravada? NÃO, ela morreu com a unha encravada. Sim, eu sei que
não é a mesma coisa, mas é só para ter uma ideia do que eu quero dizer aqui. O HIV
é uma doença que provoca uma queda no sistema imunológico, a partir disso,
doenças oportunistas vão acometendo a pessoa infectada, levando-a, muitas
vezes, a óbito. Por exemplo, uma pessoa com AIDS pode pegar uma gripe que pode
evoluir para uma tuberculose. Só então a pessoa morre – simples assim: a pessoa
morre com AIDS, mas o que matou a pessoa é a tuberculose. Percebeu agora
a diferença?
A
segunda coisa que ela disse foi que nos anos 1980 ser diagnosticado com AIDS
era praticamente uma sentença de morte. E era mesmo, mas preste atenção na
conjugação do verbo: ERA, isso quer
dizer que NÃO É MAIS. Realmente, nos anos 80 estar com AIDS era igual a ser
homossexual e estar no corredor da morte, mas eu tenho uma surpresa para você,
Sheherazade:
NÓS
ESTAMOS EM 2013!!!!!
Hoje em dia
qualquer pessoa pode ter AIDS (tanto que na reportagem fala-se que metade das
pessoas que têm o vírus não sabe disso), mas isso não quer dizer que a pessoa
vai morrer e que ela é homossexual. Se formos ter essa visão retrógrada da
vida, mulheres não poderiam votar e nem trabalhar, negros seriam ainda
considerados uma “raça inferior” e nós seriamos uma sociedade que não avança
nenhum passo em décadas. Legal né?
A terceira coisa
que ela disse foi que: “criou-se a ilusão que AIDS não mata”, mas como eu já
disse, a pessoa não morre de AIDS, mas sim com AIDS.
4°: “As pessoas
acham que é possível namorar com AIDS e ter filhos sem AIDS”. PUTA QUE ME
PARIU! Então agora quem tem AIDS não pode ter vida? É isso mesmo produção? Ter
o vírus é sinônimo de ficar engaiolado dentro de casa sem poder ver ninguém? É
o equivalente a ter lepra? NÃO PORRA! Está certo: é uma doença difícil,
que não tem uma cura definitiva, mas vamos tocar o barco, sabe? Tem gente com
AIDS que vive muito bem, e eu vou dar um exemplo: Valéria Piazza Polizzi, vão
atrás do nome desta mulher no Google que você vão ver como ela vive, detalhe,
desde os 15 anos (acho) ela é portadora do vírus e não morreu. Inclusive, ela
chegou a escrever um livro, “Depois Daquela Viajem”, onde ela fala de como ela contraiu,
descobriu e aprendeu a conviver com o vírus.
5°: “Criou-se a
ilusão de que é possível viver muito e bem mesmo com AIDS” – bom, segundo a Medicina,
e eu confio muito mais no que diz a ciência do que no que esta desequilibrada
fala, o tempo para se desenvolverem os sintomas é de até 10 anos, mais o tempo
que ela vive com a ajuda do tratamento. Não sei para vocês, mas eu acho que 10
anos é um tempo considerável, não é mesmo? Além do mais, ela disse, viver bem.
O que é viver bem? eu conheço pessoas que tem AIDS que saem, trabalham,
brincam, comem, dormem, dão risada... se isso não é viver bem eu não sei o que
é. Quem não deve viver bem é ela, com essa vontade descontrolada de chamar
atenção das pessoas com seus discursos histéricos e ridículos.
6°: “A nova
geração baixou a guarda” – nisso eu tenho que concordar; vejo pessoas indo a
certos lugares, tendo certo padrão de vida que não é nenhum pouco saudável: se
for para ser promíscuo, seja esperto, use camisinha ;)
7°: “Viver com
AIDS não é vida, é sobrevida” – quem é ela para dizer o que é vida e o que não
é? (¬¬)
8°: “A AIDS faz
sofrer” – eu gostaria muito de que a própria Sheherazade estivesse lendo isso,
para eu dizer o seguinte: comentários como o seu também fazem. Como eu já havia
dito, já há uma fragilização nos portadores do vírus, alguns têm depressão,
medo da exclusão, raiva, culpa, e uma série de outros sentimentos. Ouvindo esta
imbecil dizer coisas deste nível, como vocês acham que portadores vão se
sentir? A pessoa já está em depressão, e ainda ouve falarem que não pode ser
feliz com AIDS e tal... O QUE É ISSO MINHA GENTE?
Era aqui que eu
queria chegar: uma pessoa com um blog modesto como eu pode-se dar o direito de
passar pelo ridículo de expor uma opinião tão idiota sobre um assunto tão
sério; mas Sheherazade está em plena televisão, pessoas assistem ao jornal,
muitas pessoas. Se quem assiste o jornal é racional o bastante para ver o quão
ridícula é a afirmação desta mulher, é uma coisa; mas existem pessoas sem o
mínimo senso crítico, que seguem cegamente tudo o que veem e ouvem na
televisão, e é por isso que eu tenho medo. Medo de pessoas como Rachel
Sheherazade e Silas Malafaia ganharem muito espaço na mídia, de influenciarem
pessoas a seguirem o que eles dizem, de ferirem pessoas que são os alvos de
suas setas.
Encerro este post
emergencial dizendo: estudem, analisem todas as propostas que vocês recebem
diariamente – e quando eu digo proposta, quero dizer inclusive ideologias. Verifiquem
sempre se o que é dito procede, abram os olhos e a mente. Sejam críticos:
evoluam.
INDICAÇÕES:
·
Link com a matéria: http://www.sbt.com.br/jornalismo/noticias/30297/Cientistas-anunciam-cura-de-bebe-infectado-pelo-virus-HIV.html;
·
Link falando um pouco
da história e o que é AIDS/HIV: http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_da_imunodefici%C3%AAncia_adquirida;
·
Vídeo do Yuri Grecco
sobre Rachel Sheherazade (sobre a retirada da expressão “Deus seja louvado”):
·
Link com uma pequena
biografia da Valéria Piazza Polizzi (aidética desde os 16 anos):
·
Resumo do livro “Depois
Daquela Viagem”:
·
Comprem o livro, é
barato e vale a pena.
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