(Lisa Simpson, uma das mais famosas feministas de todos os tempos)
E é o Dia
Internacional da Mulher, onde a luta das russas de 1917 e das americanas e europeias
para reivindicar melhores condições de trabalho e direito ao voto é lembrada.
Se não estou enganado, o
Dia Internacional da Mulher surgiu após varias manifestações do que
posteriormente seria chamado de “Movimento Feminista”. Essas manifestações se
iniciaram nos primeiros anos do século XX logo após a Revolução Industrial –
onde um número considerável de mulheres foi incorporado às fábricas, que não
davam a devida segurança a seus trabalhadores (homens e mulheres). Muitas manifestações
foram feitas, tanto por homens quanto por mulheres, durante este período
posterior ao “bang” de industrialização. Viena, Berlim, São Petersburgo e Nova
Iorque foram alguns dos locais onde tais manifestações ocorreram em primeiro
lugar – isso no clima do pré-guerra (1ª Guerra Mundial). Em 1909 ocorreu o que se chama de primeiro
Dia Internacional da Mulher em Nova Iorque; foi o abrir de portas para uma
série de outras ações que aconteceriam a partir do ano seguinte, com a
Conferência Internacional de Mulheres em Copenhagen. O ano de 1911 foi marcado
por várias manifestações deste “movimento” em vários países da Europa. Porém, o
evento que mais deu força às celebrações e às manifestações para obter os
direitos das mulheres, foi o incêndio que aconteceu em uma fábrica de Nova Iorque
e matou cerca de 150 pessoas sendo, em sua maioria, costureiras. A partir
disso, o Dia Internacional da Mulher passou a ser celebrado com mais afinco em
vários lugares; isto não quer dizer que foi por isso que se iniciaram as
celebrações, estas apenas ganharam uma força maior para acontecerem.
Seis anos depois, em 1917,
na Rússia, ocorreu uma greve das trabalhadoras da indústria têxtil contra o
czar Nicolau II que reivindicava, além de melhores condições de trabalho, a
saída – ou a não participação – da Rússia na Primeira Guerra Mundial. Este foi,
sem dúvida, o estopim da Revolução Russa. Anos depois, o Dia da Mulher foi
incorporado ao calendário russo, perdendo, com o passar do tempo, seu viés
político; logo alguns países, como a Ucrânia, a Bielorrússia e a Moldávia
também incorporariam o dia em seus calendários.
Em seus primórdios, o Dia
Internacional da Mulher foi muito usado por partidos Comunistas/Soviéticos como
forma de propaganda política. Desde o primeiro evento (em 1909) o Partido
Socialista da América estava por trás da organização das celebrações. Outro exemplo é o Mezinárodní den žen da
Tchecoslováquia, fortemente apoiado pelo Partido Comunista, que usava-o como
instrumento de propaganda partidária.
Houve então a estereotipação
da data que dura até os dias de hoje: era, e ainda é, praticamente obrigatório
que as mulheres ganhem presentes baratos no serviço, na igreja, no mercado, na
quitanda, em casa ou em qualquer outro lugar. Portanto, a proposta inicial da
celebração do Dia Internacional da Mulher perdeu-se totalmente.
Durante as décadas de 1910
e 1920 a data foi celebrada com afinco em vários países ocidentais, caindo, com
o passar dos anos, no esquecimento. Graças ao Movimento Feminista de 1960 o
mundo relembrou-se destas datas e tornou a comemorá-las, e em 1977 a ONU
instituiu em caráter oficial a data de 8 de março como sendo o Dia
Internacional da Mulher.
Passando por uma imagem
das manifestações por melhores condições de trabalho e direito ao voto, depois
de tornar-se instrumento de propaganda partidária na União Soviética, hoje o
Dia Internacional da Mulher tem caráter simplesmente comercial – sendo muito
usado para venda dos mais variados produtos em vários países.
Depois deste parâmetro
histórico, vem a minha opinião sobre o assunto. Desde 1977 é oficial a
celebração do tal Dia Internacional da Mulher, mas, se observarmos bem, quem de
nós se lembra do verdadeiro propósito desta data? NINGUÉM. As mulheres muito
menos, ocupadas que estão em ganhar mimos de todo mundo. Cadê as feministas de
1960? Voltem, pelo amor de Darwin! Antes as mulheres brigavam por igualdade de direitos,
por direito ao trabalho, ao salário igualitário, pelo direito ao voto. E hoje? Estão
mais preocupadas em saber se o marido ou namorado vai dar um presente melhor do
que o marido/namorado da amiga. ALGO FEDE NO REINO DA DINAMARCA! Para tudo, é
isso mesmo produção? Eu tenho certeza que se as Mulheres – que merecem M
maiúsculo – que criaram este dia e tanto lutaram para vê-lo, sentir-se-iam
ofendidas com o rumo que a coisa está tomando. Arrisco dizer que, se pudessem
prever esta coisa ridícula que virou o seu Dia, não teriam movido uma palha por
ele. Sinceramente mulheres, acordem! Não
se façam lembrar em apenas um dia do ano, lutem por aquilo que vocês merecem
todos os dias de suas vidas. Não se contentem com flores e pelúcias, chocolates
e coisas frívolas: façam valer a luta de suas antepassadas! Queimem calcinhas,
rasguem sutiãs, façam greve de sexo, caramba! Não se deixem enganar:
exijam um agrado durante o ano todo, vocês merecem isso – são um dos pilares da
nossa sociedade, são maioria!
Não se deixem enganar por
um homem que chega todos os dias tarde, muitas vezes sem dar maiores
explicações, e se lembrar da sua feminilidade em apenas um dia do ano. Queiram presentes
constantes, e eu não estou falando de flores e bichinhos: estou falando de
carinho, de companheirismo, de conversa antes (e depois) do sexo, estou falando
de amizade, de dividir os sorrisos e as lágrimas, de respeito.
A meu ver, o Dia
Internacional da Mulher é mais uma forma de ludibriar as mulheres neste dia em
que elas deveriam ser lembradas como guerreiras que são. Eu vejo as coisas mais
ou menos assim: a mulher é vista como inferior socialmente durante o ano
inteiro – e não, não estou sendo machista: uma das coias que me incomoda muito,
por exemplo, é a desigualdade salarial que acontece entre homens e mulheres –,
são vistas como seres fúteis, materialistas, de parcos interesses, como pedaços
de carne (lembremos da quantidade de músicas que denigrem a imagem da mulher, exautando apenas as "qualidades" sexuais da mulher; ou então destes livros que pregam a submissão do sexo feminino). E como elas rebatem isso? Agradecendo por terem ganhado florzinhas no
dia x ou na data y. Ah, me poupem vai – ou melhor, se poupem mulheres! Se eu fosse mulher e o cara me viesse com
flores em um dia do ano, e no resto dos dias não me ajudasse com a casa, só
quisesse transar, saísse com os amigos sem nem me dizer nada, eu jogaria as
flores na cara do sujeito, com muito orgulho, e sem descer do salto.
(O Maldito Sistema Está Errado! – Simpson, Lisa)
O mesmo
acontece com o Dia da Consciência Negra: o ano todo o negro é menosprezado,
chamado de ladrão, de traste, é rebaixado socialmente (isso não é racismo,
estou dizendo a verdade, desculpa) e humilhado constantemente; e o que
acontece? – dão-no um dia especial, em que todo mundo deixa de fazer tudo, e
fica tudo ok! Ambas as datas, tanto o Dia Internacional da Mulher quanto o Dia
da Consciência Negra, são mais como prêmios de consolação do que como um
símbolo da luta dessas duas classes da nossa sociedade! É como se dissessem: “então
negros, então mulheres, como vocês são vistos como inferiores em nossa
sociedade, vamos dá-los esses dias aqui do ano, onde vocês ganham um
presentinho e uma programação especial na televisão”. Você pode estar pensando
que eu sou machista e racista neste ponto, mas, eu te peço que simplesmente
pare para pensar sobre o que eu estou te escrevendo agora: pense em tudo isso
que estou comentando agora, em como as mulheres e negros são tratados por
todos, e você vai ver como eu não estou tão errado assim.
Agora, quanto aos homens,
eu tenho uma dica: não compre flores, faça uma massagem, agradeça por ela ser
tão companheira quanto é, por te aguentar nos seus piores dias, por fazer suas
vontades, mesmo que ela não queira. Faça as vontades dela também – se ela for
mãe, irmã, filha, namorada, esposa, avó, faça com que ela saiba o valor que ela
tem para você. Mas faça isso todos os dias do ano, porque ela é sua companheira
(seja mãe, filha, etc) todos os dias do ano e não em um só.
Mulheres:
parem de achar que vocês são o sexo frágil, porque vocês, definitivamente, não
são: vocês cuidam da casa, do marido, do filho e do serviço, tudo isso sempre
bem maquiada e de salto alto. Se valorizem no seu dia, que não é somente no 08
de março, mas cotidianamente. Presenteie-se também: relaxe, leia, cante, dance,
sorria, vá ao cinema – mostre ao mundo quem são vocês.
Tenham um bom dia das mulheres em todos os dias do ano.
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