quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Sobre a Religião


Apesar de não ser uma pessoa religiosa e de ter opiniões conflitantes com a maioria das pessoas quando este tema (a religião) vem à tona, acredito que a religião não pode acabar. Sim, há malefícios imensos em nossa sociedade que têm como força motriz uma causa religiosa; e sei que os benefícios são tão ínfimos que não se sobrepõe à quantidade de malefícios – mas ainda há benefícios. O problema das religiões não está localizado nas próprias religiões: o problema são os religiosos. Não todos, mas os fanáticos. Não são os religiosos que atacam homossexuais, são os fanáticos; tampouco são responsáveis pela perseguição a membros de outras religiões, isso é motivado pelo fanatismo.


O fato é que não podemos nos esquecer que, para muitas pessoas, a única coisa que lhes dá alegria é exatamente a causa do riso de muitas outras (e eu me incluo nessa categoria de pessoas que riem das crenças alheias). Sim, a religião atrasa e corrompe a moralidade social, todavia lembremo-nos de que, individual e particularmente, a religião faz bem às pessoas. Conheço – todos nós conhecemos – pessoas que mudaram completamente para melhor depois que se tornou religiosa, se isso é puro fingimento, não me interessa e não interessa a ninguém mais além da própria pessoa.

Resolvi escrever sobre isso, porque ouvi um comentário um pouco preocupante nesta semana: um rapaz conversava com o outro perto de mim no ônibus quando ambos disseram que as igrejas deveriam ser fechadas, lacradas e, de preferência, explodidas. Muito bem, a falta de fé é, na maioria dos casos, um luxo: é se desapegar dos grilhões que asseguram a paz interior da maior parte das pessoas. Ser descrente é ser responsável pelas próprias ações, colhendo os frutos que plantaram, sejam esses frutos bons ou ruins. E isso é demasiado para a maioria das pessoas, de modo que, ao acabarmos com a religião, acabaríamos com a razão de muitas pessoas viverem. E pensamentos como o desses dois rapazes são tão cruéis e atrasados quanto os de um religioso que diz querer acabar com o “homossexualismo”.

Como disse o Karl Marx, “Se o homem é formado pelas circunstâncias, é necessário formar as circunstâncias humanamente”. A religião foi criada de homens para homens, e o próprio homem se tornou vítima do que criou, basta que se crie circunstâncias humanas para que o homem se torne humano. O que discrimina, o que condena, o que corrompe, o que nega e exclui não é a religião – mas o próprio homem, mesmo quando motivado por razões religiosas. O homem de hoje depende demasiado da religião, para abolir uma coisa, precisaria-se acabar com a outra. Somente quando o homem for capaz de andar com suas próprias pernas não precisará das muletas religiosas. É difícil de admitir, mas isso acontece com as maiores verdades já ditas.

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