segunda-feira, 19 de agosto de 2013

UM DIA


Mais do que o tempo que transcorri neste dia, o que me valeu foram os poucos minutos em que me pus a observar o mundo ao meu redor. Explico: hoje acordei cedo demais, irritado, com dores de cabeça, e preocupado com um assunto muito meu – tão meu que faço segredo e não revelo nada além disso: que tive cá minhas preocupações. Me desculpem, mas sou secreto por natureza, não me revelo nunca, e vocês não sabe nada ao meu respeito.

Depois tomei banho e, para esquecer as minhas preocupações, fui à livraria (uma livraria que não direi qual é, porque não quero fazer propaganda gratuita – não mais) passar algumas horas e deparo-me com uma moça: ruiva, alta, com alguma beleza por ser decifrada. Esta moça – que não direi o nome para não feri-la em seu anonimato – veio a mim me perguntando se eu não fazia vídeos para a internet. E eu, tímido, respondi que sim; a isto ela respondeu com um aperto de mãos, (quase um abraço, mas eu, por graça de deus – ou por burrice – fugi a tempo) e me disse que gosta muito dos meus vídeos e que era uma honra (foi esta mesma a palavra que ela usou) me conhecer pessoalmente e que estava muito feliz. E eu calado, sem saber o que dizer; e como todas as vezes em que não sei o que dizer, não digo nada, apenas ouvi até ela se calar e respondi com um “muito obrigado” e um “tchau, a gente se vê”. Tudo ficou por isso. Veio então quem estava comigo na hora e disse que eu estava ficando famoso sem nem mesmo perceber. Quem sabe?


Isso me fez feliz pelo tempo que durou, mas depois caí em mim e percebi que não quero nada disso: não quero as pessoas me cercando e querendo me abraçar. Eu quero mais é que elas vão à puta que pariu. Não me abracem, eu não quero ser abraçado por ninguém. Você, moça bonita que quis me abraçar, vá à puta que te pariu, meu bem; vai pra merda. Depois me acalmei e pedi desculpas para a moça mentalmente – nem na nossa imaginação devemos tratar tão mal alguém. Estava em paz comigo mesmo e com a moça. Bem.

Depois vim a casa. Comi, organizei meus livros, tomei café. Descansei, tomei outro banho, fui a uma festa onde havia amendoins coloridos nas mesas – o que é muito bom, por sinal. Tocaram músicas dos anos 80 e 90, dancei. Pararam de tocar, parei. Fiquei sentado. Depois tocaram algumas outras coisas, dancei de novo. Tocaram funk – e graças a deus estava saindo já. Às vezes deus é muito bom comigo (mas queria que fosse bom com as pessoas que precisam, eu não preciso de tanta bondade assim: acho que este senhor deus está cometendo algumas injustiças. Mas isso é com ele: não é meu assunto, então eu como presunto).

Foi então que, entrando em casa, eu vi a lua. Ou melhor, a lua me viu: a lua é o olho do universo nos olhando. E as nuvens são concentrações de ar que não querem mais se transladar entre as pessoas – e tudo isto é mentira. Disseram-me uma vez que a lua era feita de queijo, mas não é (só não disse nada para não ofender quem me falava com tanta certeza: a lua é de queijo. Não, é preciso não ofender às vezes). E lua me olhou pela área da minha casa. Iluminou todo o terreno, e eu olhei a lua: cheia, volumosa, brilhante. O terreno estava tão iluminado como se estivesse para nascer o dia, mas eu sabia que ainda faltavam muitas horas para isso, então fiquei apenas olhando para o céu sem estrelas.

E quando entrei em casa, vi que havia outra mensagem deixada por alguém para mim no facebook: “você deveria morrer por zombar de DEUS”. Sim: a vida tem dessas coisas. E tudo acaba bem, ponto final.

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