Pois é, há pessoas que perdem a
fé porque se dizem “decepcionadas” com deus; seja por uma prece não atendida,
seja pela falta de evidências, ou por qualquer outro motivo. Cada um tem lá os
seus motivos para se sentir desapontado com o poderoso chefão, mas no quesito “deixar
a desejar” o diabo ganha disparado de seu antagonista. Ora, vejam bem: de um
lado temos deus – um ser todo poderoso, que comanda várias paradas e tal, com
vários seguidores no Twitter e vários likes no facebook. Ok, ok, alguns desses
seguidores (leia-se pastores famosos)não fazem jus à imagem de um cara
todo bondoso e essa besteira toda, já que, na hora de perseguir minorias eles
mandam deus à puta que... (não vou terminar essa blasfêmia) e vão caçar algumas
bruxas à lá Inquisição Espanhola. O fato é que, teoricamente, deus seria uma
coisa boa que o homem fez para se sentir protegido num mundo selvagem que nos
cerca. E para combater deus encontramos o diabo: um cara mala sem alça,
praticamente o saci pererê, malvado, má pessoa, mentiroso, recalcado (pipipi
olha o recalque!) e tudo o que mais odiamos em alguém.
Porém, que temos do diabo? Coitado
deste sujeito... Juro que tenho muita dó dele: injustiçado, xingado
injustamente, acusado pelos erros de pessoas sem maturidade para arcar com as consequências
dos próprios atos, com a má fama que tem... Digno de pena este senhor. Mas o
cúmulo do absurdo com ele, o que me deixa com mais dó ainda é a tal da possessão
demoníaca, onde o tinhoso faz o papel de palhaço – conseguindo superar em
palhaçadas o pastor, o fiel e até mesmo deus, que, por vezes, demonstra ser um
grande fanfarrão. E das possessões demoníacas (leia-se pegadinha do malandro)
as mais patéticas são as feitas em uma determinada igreja (leia-se Universal
do Reino de Deus): aparentemente o diabo não tem muito o que fazer na hora
em que o culto está comendo solto, visto que, é só ser chamado e ta-dá ei-lo no
palco pronto para revelar suas traquinagens. É uma coisa verdadeiramente
vergonhosa para um cara tão foda ser rebaixado desse jeito: parece até um
cachorrinho que obedece a tudo e a todos, sendo que qualquer fulano consegue
faze e acontecer em cima do satanás.
“Venha diabo, venha! Fiu-fiu-fiu”,
assobia o pastor agarrando os cabelos do possesso.
“Arghlaahaharevhs” berra o
satanás, que parece que está tendo diarreia.
“Como você se chama, demônio?”.
“Meu nome é Exu-não-sei-do-que
(na verdade uma tentativa de desrespeitar as religiões de matriz africana)”.
“Ah, mas não quero você não,
chama lá o seu superior”.
“Aguarde um momento, estamos
transferindo a ligação”, e sai o diabinho. Enquanto isso, como é uma empresa
multinacional esta da possessão, tocam a musiquinha do gás.
“AAAAAAAAAA,
rrrrrrrr.... Alô?”
“Quem está ai? É você satanás?”,
pergunta o pastor fazendo uma paródia da Bruxa do 71.
“Sim, sou eu mesmo, me chamo Lúcifer,
muahaha”, e toda aquela besteira.
Assisti esta semana um vídeo onde
um rapaz diz que o diabo só entra no corpo do pipoqueiro. E é verdade: isso é
que me deixa desapontado no cara. Com tantos chefes de Estado e pessoas
importantes pra possuir, quem o diabo vai azucrinar? O Obama? A Dilma? O
príncipe Charles? NÃO: ele vai atormentar o pipoqueiro, a Lúcia do salão, o Zé
da padaria. Sério mesmo, Lúcifer? Pensei que você fosse o fodão... que
decepção, meu deus!
E quando questionado sobre como arruína
a vida das pessoas, ele pode dizer que, segundo o rapaz do vídeo, “Faz o
pipoqueiro queimar a pipoca”. Sim, é uma triste realidade. Ou, quem sabe, faz o
padeiro queimar a rosca (o que é muito pior), ou a Lúcia do salão deixar muito
tempo a tinta no cabelo de alguém. Uau, como é mal este diabo!
Sério mesmo, tenho vergonha do
diabo, eu no lugar dele nem sairia de casa.
Mas sei por que isso acontece: o
diabo foi algo inventado na época em que o homem era ignorante o suficiente
para ser mal. Hoje, como somos mais bem resolvidos, não precisamos nem do diabo
e nem de deus para justificar nossas más ações. Isso faz com que, tanto um
quanto o outro, tenham sido rebaixados em seus cargos celestes – o que é uma
pena, visto que os dois são pais de família e tal. Assistir esses vídeos de
possessão me fazem me sentir mal pelo diabo, que não passa de um coitado, um
simples joguete, tal como deus, na mão desses caloteiros (leia-se pastores);
mas ao mesmo tempo eu me sinto bem comigo mesmo, já que às vezes penso que
solto umas blasfêmias aqui e ali, mas ao ver estes supostos emissários do
senhor deus brincando desta maneira, eu me sinto aliviado e penso que ainda há
esperanças para minha alma.
Quem sabe o diabo, com esta crise
que está passando, se transformou neste traquinas de meia tigela por falta de
oportunidades no mercado de trabalho? Vai-se saber... Afinal, quem precisa de
diabo quando as pessoas são ruins o suficiente para matar e pôr a culpa em
deus?
É, com deus não se consegue
competir...
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