Domingo
foi ao ar no SBT a entrevista que o pastor carioca Silas Malafaia cedeu à
jornalista Marília Gabriela. Nessa entrevista os principais pontos foram:
homossexualidade, política e religião, a fortuna pessoal do pastor, e a obra da
igreja regida por ele. Como não poderia ser diferente, a minha voz irá se
juntar, mesmo que brevemente, a outras que já se ergueram nesses últimos dias.
Primeiramente,
eu queria salientar bem aqui que eu não perdi nem vinte minutos do meu tempo
para redigir este texto, então a qualidade não está lá aquelas coisas. Mas eu
tenho uma ótima justificativa para isso: não vale a pena gastar meu tempo
falando de uma pessoa que passa mais de 50% do tempo de uma entrevista de quase
uma hora justificando o fato de ser absurdamente rico e tentando apresentar
palavras mais bonitas para dizer que rouba seus fiéis na cara dura, pois ele é
uma ponte entre deus e os homens, ele apenas auxilia no caminho, se as querem
prosperar, devem se contentar com a vida cada vez mais miserável que levam enquanto
enchem o bolso do pastor de dinheiro enriquecem cada vez mais outra
pessoa. Não, não consigo encontrar motivos para me prolongar quando o assunto é
um homem que diz que ele não faz nada pelas pessoas, apenas ouve seus problemas
e ora para que o senhor se vire para dar um jeito nas vidas de merda que
elas têm resolva a vida de todos. E, além do mais, para mim não foi nenhuma
surpresa o discurso do Malafaia, sempre inflamado de ignorância e arcaísmo
tão “inteligente”.
O
que eu posso dizer é que mais uma vez deus foi usado como burro de carga
desculpa, visto que não pode se defender das acusações que recebeu: quando era
posto contra a parede, o senhor Malafaia recorria à autoridade divina para
justificar seus atos, sua hipocrisia, sua ideologia arcaica, sua riqueza e o
modo como engana seus fiéis lida com seus seguidores.
Bom,
eu não vou nem comentar nada sobre o que ele disse na entrevista sobre a
homossexualiDADE: se você quer saber o meu posicionamento sobre isso, basta ler
meus textos sobre o assunto, que eu vou deixar os links aqui.
A
única coisa que eu tenho a acrescentar e que devo deixar aqui o meu parecer é
para o seguinte: durante a entrevista, Malafaia cita uma pesquisa que aponta
que 46% dos homossexuais foram violentados na infância ou adolescência, e que
os outros 54% escolheram ser homossexuais. Eu fui atrás dessa pesquisa e
descobri um fato muito interessante sobre isso: a conclusão a qual o pastor
chegou não é a mesma da pesquisa, que diz simplesmente que os 46% foram
violentados, não há na pesquisa nenhuma frase que corrobore a lógica de que:
“se os outros 54% não foram violentados, obviamente eles escolheram ser
homossexuais”; o que o Malafaia usou é uma falácia conhecida como Post Hoc Ergo
Propter Hoc (depois disso logo por causa disso, em tradução literal). Essa
falácia parece ser muito lógica, mas não é: não é porque 46% dos homossexuais
foram violentados na infância que eles viraram homossexuais, uma coisa não tem
absolutamente nada a ver com a outra; é a mesma coisa de dizer que só porque o
sol nasce depois que o galo cantou, se o galo não cantar não vai nascer o sol.
Deu pra pegar o espírito da coisa? Enfim, eu tenho uma pergunta para este
entrevistado: quais as fontes?, qual o nome desta pesquisa?, qual o nome do
pesquisador?, qual o ano e em qual periódico ela foi publicada? Percebemos aqui
que o pastor não citou nenhuma fonte para suas alegações além de um breve: “uma
pesquisa”.
Prosseguindo:
segundo Silas Malafaia a Evolução é SÓ uma teoria porque não pode ser
comprovação. Eu queria muito me manifestar quanto a isso, mas estou preparando
um texto já há um mês falando especificamente sobre a Evolução e sobre o que é
uma Teoria e qual a sua importância para a ciência. Então, eu vou responder
isso mais para frente, em outro texto.
Bom,
mais para frente em seu discurso ridículo e preconceituoso, Silas
nos diz que um casal homossexual não tem competência para criar uma pessoa
digna, um cidadão dentro dos padrões sociais mais aceitos; e não para por ai, no
ápice de sua fala totalmente asquerosa, em determinado momento o pastor
Malafaia faz uma singela comparação entre os homossexuais e assassinos,
bandidos e pessoas com conduta duvidosa. Em primeiro lugar: esta é a opinião
dele, a opinião de um homem que tem uma mente atrasadíssima com relação à nossa
sociedade; em segundo lugar: este é o tipo de opinião que não deveria ser
exposta em público como foi, como bem lembrou Marília Gabriela, pessoas com uma
mente mais vulnerável poderiam sentir-se influenciadas por tais palavras; em
terceiro lugar: eu gostaria muito de saber com qual autoridade ele diz que
homossexuais não podem educar bem seus filhos, não haveriam melhores palavras
do que as ditas por Gabriela: “você agora é deus” – não posso acrescentar nada
além desta frase.
No
mais, tenho que parabenizar Marília Gabriela pela sua compostura e classe, pois
eu tenho certeza que se fosse ele (ou qualquer outra pessoa) no lugar dela,
teria pedido para que o entrevistado se retirasse. Porém, apesar de ter sido
totalmente profissional, de uma postura admirável, a jornalista não deixou-se
abater, rebatendo as argumentações do entrevistado de forma incrível, não
deixando um ar de condescendência, expondo suas próprias opiniões sobre os
temas abordados. Não havia melhor maneira para encerrar a entrevista com a
frase “Que o meu deus, que não sei se é o mesmo que o seu, te perdoe”: tanto
que Malafaia, sem ter uma resposta mais adequada, responde que será perdoado
por ser pecador; ou seja, vamos pecar a vontade, pois a redenção vai vir mesmo,
não é?
Agora,
eu encerro este post dizendo que eu amo e admiro o Silas Malafaia assim como
amo e admiro Susane Von Richthofen e que eu amo este pastor assim como amo
Hitler e seus companheiros. Enfim, espero que tenham entendido o que eu quis
dizer com essa última frase.
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