quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

SILAS MALAFAIA: NADA A DECLARAR...



Domingo foi ao ar no SBT a entrevista que o pastor carioca Silas Malafaia cedeu à jornalista Marília Gabriela. Nessa entrevista os principais pontos foram: homossexualidade, política e religião, a fortuna pessoal do pastor, e a obra da igreja regida por ele. Como não poderia ser diferente, a minha voz irá se juntar, mesmo que brevemente, a outras que já se ergueram nesses últimos dias.
Primeiramente, eu queria salientar bem aqui que eu não perdi nem vinte minutos do meu tempo para redigir este texto, então a qualidade não está lá aquelas coisas. Mas eu tenho uma ótima justificativa para isso: não vale a pena gastar meu tempo falando de uma pessoa que passa mais de 50% do tempo de uma entrevista de quase uma hora justificando o fato de ser absurdamente rico e tentando apresentar palavras mais bonitas para dizer que rouba seus fiéis na cara dura, pois ele é uma ponte entre deus e os homens, ele apenas auxilia no caminho, se as querem prosperar, devem se contentar com a vida cada vez mais miserável que levam enquanto enchem o bolso do pastor de dinheiro enriquecem cada vez mais outra pessoa. Não, não consigo encontrar motivos para me prolongar quando o assunto é um homem que diz que ele não faz nada pelas pessoas, apenas ouve seus problemas e ora para que o senhor se vire para dar um jeito nas vidas de merda que elas têm resolva a vida de todos. E, além do mais, para mim não foi nenhuma surpresa o discurso do Malafaia, sempre inflamado de ignorância e arcaísmo tão “inteligente”.
O que eu posso dizer é que mais uma vez deus foi usado como burro de carga desculpa, visto que não pode se defender das acusações que recebeu: quando era posto contra a parede, o senhor Malafaia recorria à autoridade divina para justificar seus atos, sua hipocrisia, sua ideologia arcaica, sua riqueza e o modo como engana seus fiéis lida com seus seguidores.
Bom, eu não vou nem comentar nada sobre o que ele disse na entrevista sobre a homossexualiDADE: se você quer saber o meu posicionamento sobre isso, basta ler meus textos sobre o assunto, que eu vou deixar os links aqui. 
A única coisa que eu tenho a acrescentar e que devo deixar aqui o meu parecer é para o seguinte: durante a entrevista, Malafaia cita uma pesquisa que aponta que 46% dos homossexuais foram violentados na infância ou adolescência, e que os outros 54% escolheram ser homossexuais. Eu fui atrás dessa pesquisa e descobri um fato muito interessante sobre isso: a conclusão a qual o pastor chegou não é a mesma da pesquisa, que diz simplesmente que os 46% foram violentados, não há na pesquisa nenhuma frase que corrobore a lógica de que: “se os outros 54% não foram violentados, obviamente eles escolheram ser homossexuais”; o que o Malafaia usou é uma falácia conhecida como Post Hoc Ergo Propter Hoc (depois disso logo por causa disso, em tradução literal). Essa falácia parece ser muito lógica, mas não é: não é porque 46% dos homossexuais foram violentados na infância que eles viraram homossexuais, uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra; é a mesma coisa de dizer que só porque o sol nasce depois que o galo cantou, se o galo não cantar não vai nascer o sol. Deu pra pegar o espírito da coisa? Enfim, eu tenho uma pergunta para este entrevistado: quais as fontes?, qual o nome desta pesquisa?, qual o nome do pesquisador?, qual o ano e em qual periódico ela foi publicada? Percebemos aqui que o pastor não citou nenhuma fonte para suas alegações além de um breve: “uma pesquisa”.
Prosseguindo: segundo Silas Malafaia a Evolução é SÓ uma teoria porque não pode ser comprovação. Eu queria muito me manifestar quanto a isso, mas estou preparando um texto já há um mês falando especificamente sobre a Evolução e sobre o que é uma Teoria e qual a sua importância para a ciência. Então, eu vou responder isso mais para frente, em outro texto.
Bom, mais para frente em seu discurso ridículo e preconceituoso, Silas nos diz que um casal homossexual não tem competência para criar uma pessoa digna, um cidadão dentro dos padrões sociais mais aceitos; e não para por ai, no ápice de sua fala totalmente asquerosa, em determinado momento o pastor Malafaia faz uma singela comparação entre os homossexuais e assassinos, bandidos e pessoas com conduta duvidosa. Em primeiro lugar: esta é a opinião dele, a opinião de um homem que tem uma mente atrasadíssima com relação à nossa sociedade; em segundo lugar: este é o tipo de opinião que não deveria ser exposta em público como foi, como bem lembrou Marília Gabriela, pessoas com uma mente mais vulnerável poderiam sentir-se influenciadas por tais palavras; em terceiro lugar: eu gostaria muito de saber com qual autoridade ele diz que homossexuais não podem educar bem seus filhos, não haveriam melhores palavras do que as ditas por Gabriela: “você agora é deus” – não posso acrescentar nada além desta frase.
No mais, tenho que parabenizar Marília Gabriela pela sua compostura e classe, pois eu tenho certeza que se fosse ele (ou qualquer outra pessoa) no lugar dela, teria pedido para que o entrevistado se retirasse. Porém, apesar de ter sido totalmente profissional, de uma postura admirável, a jornalista não deixou-se abater, rebatendo as argumentações do entrevistado de forma incrível, não deixando um ar de condescendência, expondo suas próprias opiniões sobre os temas abordados. Não havia melhor maneira para encerrar a entrevista com a frase “Que o meu deus, que não sei se é o mesmo que o seu, te perdoe”: tanto que Malafaia, sem ter uma resposta mais adequada, responde que será perdoado por ser pecador; ou seja, vamos pecar a vontade, pois a redenção vai vir mesmo, não é?
Agora, eu encerro este post dizendo que eu amo e admiro o Silas Malafaia assim como amo e admiro Susane Von Richthofen e que eu amo este pastor assim como amo Hitler e seus companheiros. Enfim, espero que tenham entendido o que eu quis dizer com essa última frase.

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