Apesar de não ser uma pessoa
religiosa e de ter opiniões conflitantes com a maioria das pessoas quando este
tema (a religião) vem à tona, acredito que a religião não pode acabar. Sim, há
malefícios imensos em nossa sociedade que têm como força motriz uma causa
religiosa; e sei que os benefícios são tão ínfimos que não se sobrepõe à
quantidade de malefícios – mas ainda há benefícios. O problema das religiões
não está localizado nas próprias religiões: o problema são os religiosos. Não todos,
mas os fanáticos. Não são os religiosos que atacam homossexuais, são os
fanáticos; tampouco são responsáveis pela perseguição a membros de outras
religiões, isso é motivado pelo fanatismo.
O fato é que não podemos nos
esquecer que, para muitas pessoas, a única coisa que lhes dá alegria é
exatamente a causa do riso de muitas outras (e eu me incluo nessa categoria de
pessoas que riem das crenças alheias). Sim, a religião atrasa e corrompe a
moralidade social, todavia lembremo-nos de que, individual e particularmente, a
religião faz bem às pessoas. Conheço – todos nós conhecemos – pessoas que mudaram
completamente para melhor depois que se tornou religiosa, se isso é puro
fingimento, não me interessa e não interessa a ninguém mais além da própria
pessoa.
Resolvi escrever sobre isso,
porque ouvi um comentário um pouco preocupante nesta semana: um rapaz
conversava com o outro perto de mim no ônibus quando ambos disseram que as
igrejas deveriam ser fechadas, lacradas e, de preferência, explodidas. Muito bem,
a falta de fé é, na maioria dos casos, um luxo: é se desapegar dos grilhões que
asseguram a paz interior da maior parte das pessoas. Ser descrente é ser
responsável pelas próprias ações, colhendo os frutos que plantaram, sejam esses
frutos bons ou ruins. E isso é demasiado para a maioria das pessoas, de modo
que, ao acabarmos com a religião, acabaríamos com a razão de muitas pessoas
viverem. E pensamentos como o desses dois rapazes são tão cruéis e atrasados
quanto os de um religioso que diz querer acabar com o “homossexualismo”.
Como disse o Karl Marx, “Se o
homem é formado pelas circunstâncias, é necessário formar as circunstâncias
humanamente”. A religião foi criada de homens para homens, e o próprio homem se
tornou vítima do que criou, basta que se crie circunstâncias humanas para que o
homem se torne humano. O que discrimina, o que condena, o que corrompe, o que
nega e exclui não é a religião – mas o próprio homem, mesmo quando motivado por
razões religiosas. O homem de hoje depende demasiado da religião, para abolir
uma coisa, precisaria-se acabar com a outra. Somente quando o homem for capaz
de andar com suas próprias pernas não precisará das muletas religiosas. É difícil
de admitir, mas isso acontece com as maiores verdades já ditas.
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